A IGREJA PRIMITIVA EO IMPERIO ROMANO
Os cristãos ensinam e sabem que sem a memória não há esperança e
sem esperança a memória se vai. Graças
as memórias hoje celebramos nossos cultos, Pentecostes, Natal, Páscoa, Descida
do Espírito Santo e muitas outras datas, situadas em nosso calendário cristão.
A memória é algo precioso e por muita vezes ficamos só na história oficial,
histórias com registros escritos, fotografados, pintados e perdemos parte do
brilho escondido na memória. Dreher cita exemplos de congregações luteranas
onde na verificação dos livros impressos, identificamos apenas pastores e
presidentes de comunidades e em contra partida se observamos a memória de um
idoso, entraremos em um mundo onde há mulheres, crianças, pessoas simples,
gente esmagada debaixo de árvores, picadas de cobras e muita outras
características do tempo.
É esta a história que Dreher nos convida a estudar. Não apenas
episódios mas, causas e motivos. Saber das raízes, raízes estas que nos
ajudaram a formar nossa memória espiritual e intelectual.
O império romano na época do nascimento de Cristo apresenta uma
unidade visível na figura do Imperador. O império se apresentava dividido em
províncias, onde tínhamos as províncias imperiais, senatoriais e especiais cada
uma delas dirigidas por pessoas com títulos apropriados. Assim como observamos
as decisões tomadas em concílios em nossa atualidade, as províncias tinham suas
decisões em assembléias denominadas concilium. A menor unidade administrativa
era a cidade. O império romano conseguiu estabelecer uma uniformização da
cultura em seu sistema administrativo e assim uma grande comunicação entre as
partes do império. Paz e tranqüilidade foram propiciadas ao império pelo
imperador Augusto. A forte miscigenação étnica propiciada pelas facilidades de
locomoção propiciaram grande mistura das tradições. O helenismo (idéias e
culturas da Grécia antiga) influenciava o mundo romano. O heleninsmo atingiu
muitas regiões, mas, jamais conseguiu atingir totalmente a Judéia, Samaria e o
Egito.
A situação religiosa no Império Romano durante o nascimento de
Jesus, se apresenta de formas diferenciadas. O império era tolerante em relação
aos cultos e, somente algumas regiões tiveram seus cultos proibidos. Celebrações
que tinham sacrifícios humanos e permitiam orgias eram proibidas pelo império.
Dreher não trata pormenorizadamente todos as religiões, mas, destaca algumas,
como podemos identificar as invasões de cultos egípcios e orientais da Grécia
levou as crenças nas estrelas e os ministérios da astrologia e assim se
desenvolveu os sistemas de magias. Entre os muitos cultos que eram
estabelecidos, uns atraindo mais homens e outros, mais as mulheres, destacamos
o culto a Mithras que veio a ser o grande concorrente da fé cristã. Na época do
nascimento de Cristo a história mostra a propagação do culto ao imperador.
Apesar de toda a pluralidade de cultos o sincretismo (sistema que combinava os
princípios de diversos sistemas) preparou o caminho para uma crença monoteísta.
Nos primórdios do cristianismo nos deparamos com um tempo onde religião deixava
se ser uma convicção para se tornar uma obrigação, onde não havia mais lugar
para a fé, os deuses estavam intimamente ligados a política e nem a construção
de novos templos por Augusto conseguiu reavivar os cultos. O caminho estava
preparado para uma forma de religião que viesse a substituir as antigas.
Ao estudarmos a Palestina
e o judaísmo palestino identificamos a Síria como sendo uma das províncias mais
exploradas. Lá encontramos a Judéia e os judeus do antigo povo de Israel.
Judéia e Jerusalém tinham sido conquistadas
e boa parte da população foi deportada para a babilônia, onde
identificamos esta dispersão judaica de diáspora. A Judéia, sendo dirigida por
uma má política tornou-se dependente dos romanos. Herodes, um político
competente e inescrupuloso subiu ao poder e caiu na graça dos romanos.
Jerusalém já não era mais a Sião de Javé, estava dividida em partidos. Surgiu
ali os grupos dos sadoquidas, os saduceus, os zelotes , os fariseus que tinham
grande influência na população, os essênios extremamente piedosos e que se
tornaram conhecidos após a Segunda Guerra Mundial co a descoberta do convento
de Qumran.
A diáspora levou os judeus a todas as partes do Império Romano e
um escritor chamado Strabo relatou nos dias do imperador Augusto dificilmente
haveria algum lugar no mundo onde os judeus não houvessem chegado. O Egito e a
Síria tinham 1 milhão de judeus cada um, na palestina 500 mil, no Império
Romano cerca de 1,5 milhão. Um fato para o grande crescimento e expansão é um
mistério e povo judeu interpreta através da promessa feita ao patriarca Abraão.
O povo judeu mantinha sua unidade e esta é vista durante a páscoa onde o povo
se reunia em Jerusalém que tornara-se um centro político-religioso. Esta união
tornou-se um movimento missionário. A pregação judaica era uma crença
monoteísta e em Alexandria, no Egito o antigo testamento foi traduzido para o
grego. Em torno das sinagogas criaram-se os círculos tementes a Deus. No
nascimento de Jesus o Império Romano se apresentava contra o semitismo (Modos e
idéias judaicas). O fato de o os judeus não terem a imagem de um Deus os levou
a ridicularizarão.
Nestes quatro primeiros capítulos Dreher nos apresenta fatos
históricos que nos proporcionam um melhor entendimento das questões sociais,
econômicas e religiosas no tempo de Jesus. Dreher inicia esta caminhada pelos
tempos de Jesus nas palavra de Paulo: Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
enviou seu filho... e relata os escritos sobre Jesus, os chamados evangelhos e
seus escritores. Nos mostra que não podemos ter a visão mais clara de um Jesus
histórico, mas temos as palavras e os atos de um Jesus terreno. Jesus foi a
mensagem do reino de Deus. A fé em Jesus fez brotar uma esperança, um novo céu
e uma nova terra. A mensagem de Jesus era tida como válida para todos os seres
humanos, rico e pobre, forte e fraco, homem e mulher.
Dreher ressalta o relato de Gálatas 4:4 , onde o apostolo Paulo
discursa sobre a “Plenitude do Tempo” um relato fruto da fé e que assim sendo
torna-se complexo a explicação de como Paulo chegou a esta afirmação. Ressalta
ainda a dificuldade de ter uma imagem clara e precisa de um Jesus histórico.
Podemos entender com esta afirmativa de Dreher que, sabendo que temos relatos
apenas de pessoas que partilhavam das idéias de Jesus, não temos como ver o que
outros tenderiam a dizer. Assim caminhamos por fé em Jesus. Um presente que
recebemos ao brotar uma esperança em nosso coração. A fé de vermos um novo céu
e uma nova terra, onde não haverá mais choro, nem dor, e viveremos todos
juntos. Jesus tinha suas mensagens voltadas basicamente para os humildes e
oprimidos. Uma palavra que trazia esperança e sempre era tida como verdadeira e
válidas para todos os seres humanos.
Falamos muito sobre os patriarcas da fé e por que não lembrar da
matriarca do cristianismo. Certamente ao falarmos do cristianismo lembramos de
Jerusalém, afinal foi lá que a maior parte das coisas aconteceu. Foi nesta cidade que a fé se desenvolveu de
uma forma cristã diferente da que conhecemos hoje. Foi lá que Jesus apareceu e
foi lá que Jesus ordenou que os discípulos ficassem até que fossem revestidos
de poder pelo Espírito Santo. Foi lá que aconteceu o pentecostes. Em Jerusalém
podemos observar algumas características como: Era um lugar onde havia muito
movimento; Foi onde houveram as aparições pascais; Foi lá onde começamos a
identificar a palavra envio. Temos o caso de Estevão, Felipe e mulheres
incumbidas neste comissionamento.
Dreher, fala sobre os ensinamentos dados pelos comissionados
como a ressurreição, o cumprimento das escrituras, os testemunhos pessoais e o
arrependimento. O objetivo de cada
pregação era o batismo. Com o batismo pretendia-se ver o perdão e o
arrependimento. Estes grupos para os judeus eram mais um semelhante aos
fariseus. O judaísmo tolerava muitos grupos
e heresias dede que aceitassem o Tora. A comunidade se declarava o
Israel dos finais dos tempos e aceitavam a cruz, iam ao templo, eram unânimes,
partiam o pão de casa-em-casa e estas refeições tinham caráter de culto. Oravam
o Pai Nosso, jejuavam e tinham seus bens em comum. Tinham como líder Tiago,
irmão de Jesus. Tinham o domingo como o dia do Senhor onde as pessoas se
reuniam em suas casas para celebrar a ceia.
A mensagem se expandiu e de Jerusalém a Roma era conhecida a
fama de Jesus. Paulo foi o homem que levou a mensagem ao mundo
helenista-romano. Paulo era judeu e natural de Tarso, era rico e chegou a
querer ser rabino. Tinha como profissão o fazer tendas. Era um homem
determinado a seguir a lei. Paulo foi encarregado se não deixar que a nova
seita crescesse e um dia em indo à Damasco teve seu encontro com Cristo. Após
sua conversão Paulo teve um crescente interesse missionário, o qual levou muito
a sério.
A comunidade de Jerusalém não permitia dois tipos de comunidades
cristã e Paulo apresentava uma nova compreensão escatológica. Em Antioquia,
lembra Dreher que havia um número grande de convertidos e então Barnabé é
enviado até lá para acalmar os ânimos. Barnabé levou Paulo consigo. Lá o
pessoal de Antioquia exigia a eliminação de muitas prescrições para os que não eram judeus. Assim ocorreu em
Jerusalém uma grande reunião para dar definições aos ocorridos o que conhecemos
como: Concílio dos Apóstolos. Ao final tiveram algumas definições como a
liberação dos cristãos da circuncisão e o dever
de evitar o sexo antes do casamento e o consumo de carne sacrificada. Os
conflitos com Pedro nunca cessaram e Barnabé o abandonou. Paulo buscou muitas
informações no antigo testamento que apontavam para Jesus. Paulo anunciou
também aos gregos a salvação.
Em relação às comunidades gentílicas-cristãs, logo após Paulo,
temos algumas fontes que nos ajudam a entender estas comunidades como: os
escritos neotestamentários, os pais apostólicos, os evangelhos e os atos dos
apóstolos. Como pais apostólicos temos Clemente, Inácio de Antioquia,
Policarpo, Barnabé, Papias, o pastor de Hermas e ainda a Didaquê.
Quando nos voltamos para a situação das comunidades e surgimento
do episcopado monárquico, Dreher nos mostra que por volta de 130-140 o
entusiasmo do cristianismo estava desaparecendo. Estávamos a caminho da
institucionalização. Nesta época já surgiam formas mais rígidas de organização
e nos deparamos com o episcopado monárquico que ficou conhecido como bispo. O
clero era composto por um bispo, um presbítero e um diácono. Todos deveriam
obedecer e submeter-se aos ministros. Daí temos uma Igreja Clerical.
O culto já não tinha todo aquele entusiasmo. Havia uma ordem a
ser seguida e costumes fixos. Haviam comemorações semanais e cultos ao nascer
do sol e cultos pela noite. Cada um com um costume onde podemos identificar o
uso de cânticos, orações formuladas (Pai Nosso) e leitura das escrituras. Os
cultos eram no dia do Senhor e em outros durante a semana. O domingo surgiu na
França em oposição ao sábado. Nas quartas e nas sextas-feiras haviam jejuns e
vigílias. No domingo não havia jejum e nem joelho no chão. As orações eram
feitas em pé conforme o Didaquê. O batismo era realizado de várias formas não
sendo necessário a imersão, bastava a aspersão. Nos batismos feitos as pressas
direcionavam as pessoas as classes de catecúmenos para que aprendessem da
didaquê e fossem catequizados. A fé começava com a confirmação batismal era
seguida com o aprendizado das fontes posteriores dos apóstolos onde muitas
destas tornaram-se bíblia. A ética era seguida com jejuns e abstinências de
carnes, vinho e sexo e uma obra assistencial aos necessitados era muito
visível. Nas comunidades, Dreher nos mostra as mudanças surgidas mediante a fé
e o tratamento dado a pessoas que desejavam participar das comunidades mas
tinham profissões que não condiziam. Também não era permitido um cristão seguir
a carreira militar por ter que clamar por outros deuses. Não havia muita
preocupação com a escravidão, pois se esperava uma breve volta do messias. Como
o passar do tempo muitos militares tornaram-se cristãos e não deixaram a
profissão. Dreher relata ainda sobre uma cristã que tornou-se concubina do
imperador e intercedia pelos cristão em
perigo.
No 9º (nono) capítulo Dreher trata das Heresias e calolicidades
nos apresentando que os sinas, visões e milagres eram algo normal e que
doutrinas de salvação (gnoses) apareciam. A gnose era como um bálsamo para a
alma e influenciava muito na igreja a ponto de pontos poderem distinguir. A
igreja precisou travar uma grande batalha contra as gnoses. Dreher nos
apresenta ainda uma série de relatos como os de Saturnino que descreveu que
Jesus não nasceu e sim apareceu, Basilides que diz que Cirineu após ter
carregado a cruz foi crucificado no lugar de Cristo e Cerinto que afirmou que o
mundo foi criado por Virtude, um ser afastado de Deus e que Jesus é fliho de
José e Maria e que Cristo teria encarnado nele de depois o deixado sozinho para
morrer.
No item 9.2 encontramos Marcião, homem filho de bispo e que foi
expulso da comunidade que se junta a Valentino que também tinha sido expulso e
começa a proclamar que Javé era um deus imperfeito e que tudo que ele tinha
criado era besteira. Afirma que o Deus verdadeiro era Jesus e que este era
totalmente diferente do anterior. Marcião busca eliminar tudo o que é judeu da
Igreja e isto conduz o povo a confessar que o Deus do Antigo Testamento é o
mesmo Deus do Novo Testamento. A Igreja
consegue ajustar os dogmas e afirma que Jesus Cristo é o filho de Deus e
normatiza que tudo o que for surgir e ser escrito tem que partir deste
princípio. Temos então a primeira grande confissão de fé.
Dreher fala sobre o Montanismo, um outro movimento que teve seu
iníco quando Montanus foi batizado e após o batismo começou a falar em línguas
e também duas mulheres. Eles seguiram pregando heresias a afirmando que a vida
de Cristo estava próxima. Tertuliano, que tinha grande influência na Igreja,
tendo defendido a igreja na luta contra os marcisistas e gnósticos apoiava o
movimento e assim a igrej o abandonou.
Por fim temos Cipriano, um dos mais influenciado por Tertuliano.
Este pai da Igreja fugiu do martírio e depois defendeu-se dizendo que onde se
escondeu pode motivar a comunidade a ser perseverante. Mas tarde foi preso e
morte. Ele afirmava que o episcopado monárquico tinha sido definido por Jesus
ao declar: “Tu és Pedro sobre esta pedra edificarei a minha igreja” e também
“assim como o pai me enviou eu vos envio”.
No capítulo 10, Dreher fala sobre a formação do cânone
neotestamentário e a mulher na igreja antiga. O que logo se destaca é que a
mulher não podia ter acesso as escrituras e muito menos assumir alguma
responsabilidade a não ser a do lar segundo a interpretação do cristianismo
primitivo. Quando lemos as epístolas nos deparamos com Febe, Júnia e vemos
diaconisas, mulheres na liderança e ajudantes de Paulo. O machismo era evidente no novo testamento,
as passagens onde constavam mulheres fora m alteradas e raramente quando
deixadas foram inseridas outras palavras para desqualificar as mulheres. Lucas
era muito machista e não permitia de forma algum relato de mulheres. Havia
grande ciúme em relação a Maria Madalena.
Após Constantino a mulher foi eliminada de vez dos ciclos importante da
igreja. Ortodoxia e Heresia era o binômio que caminhava junto a igreja. Muitos
foram os debates a cerca das mulheres e a mesmas passagens bíblicas eram usadas
tanto para minimizar como para maximizar
a presença da mulher na Igreja. A
verdade era que a mulher tinha uma influência muito grande mas o machismo não
podia aceitar, pois diziam: “o pecado começou na mulher”.
O Patriarcado Eclesiástico tem como ponto de partida: a mulher é
herege. Criada para funções auxiliares e quem fosse contra a tradição da igreja
era um herege. O resultado foi a marginalização inevitável da mulher na igreja.
Por fim, fica explicito que Jesus nunca deixou as mulheres a margem e os
evangelistas tiveram que entender isto. Elas ficaram juntas a cruz, foram as
primeiras testemunhas do sepulcro vazio e da ressurreição. Jesus é renovador e
elimina todas as diferenças. Paul também afirma isto em sua cartas aos Gálatas
3:28 – “Somos um em Cristo Jesus”.
Fé Cristã e Filosofia é tema abordado por Dreher no 11º capítulo.
Dreher fala de quando o jovem cristianismo se depara com o estocismo
profundamente religioso. Aponta Justino como filósofo que se converteu aos 25
anos e que buscou mostrar que toda a filosofia estava inspirada do Logos
divino. Epileto que foi escravo também seguiu nesta linha e o estocismo foi se
transformando em estocismo cristão. Clemente de Alexandria, considerado o
primeiro teólogo defendia a mesma tese de Justino. A pessoa mais influenciada
pelo pensamento de Clemente foi Orígenes, este foi o sucessor de clemente e
transformou a escola de catequese em escola de teologia. Tornou-se o mais
famoso dos sábios, explicava e palestrava em vários lugares sobre a essência da
fé cristã. Manteve-se simples. Foi preso, torturado e alguns anos mais tarde morto
devidos as seqüelas das torturas. Nunca negou a fé e depois de Clemente e
Origines a igreja não pode mais deixar de lado a filosofia.
Imperador e os
Cristãos – A fé cristã não foi adversa à autoridade, inclusive oravam pelas
autoridades conforme 1 Tm 2.2 e as autoridades permaneciam por muito tempo
indiferentes quanto ao cristianismo até surgir Nero. Após o falecimento de
Augusto sem deixar herdeiro e também Tibério sem deixar herdeiro, subiu ao
trono Cláudio um maníaco sexual que morreu envenenado e então subiu ao trono um
jovem de 17 anos: Nero que mandou eliminar a mãe convenceu sua esposa a
suicidar e matou a segunda esposa. Após a cidade de Roma ter sido incendiada e
a culpa ter caído sobre Nero ele não exitou em colocar a culpa sobre os cristãos.
Muitos foram mortos, queimados, crucificados, mas esta não foi considerada uma
perseguição por motivos religiosos. Dreher começa a nos apresentar Tolerância e
Perseguição no governo de Domiciano que começava a se proclamar “Senhor e Deus”
exigindo grandes saudações e sacrifícios. Trajano, um governador que queria Paz
e Ordem foi mais tolerante e dizia que os cristãos não deveriam responder por
acusações anônimas. Muitas eram as acusações e mesmo sabendo da inocência, para
não parecer favorável aos cristãos muitos morreram no governo de Trajano.
Aqueles que morreram confessando a fé foram considerados como Mártires pela
igreja. A Crise do Império e da Igreja começou com a morte de Marco Aurélio.
Depois de uma grande expansão da fé cristã a igreja começou a ser perseguida e
assim muitos sacrifícios, subornos começaram surgir. O clero foi atacado e os
bens da igreja confiscados. Diocleciano tolerou o cristianismo a princípio, mas
depois iniciou uma eliminação radical do cristianismo destruindo salas, trazendo
desemprego, obrigando a entregar os livros e encerrando em cadeias os clérigos.
Quando já não havia mais lugares nas cadeias as mortes iniciaram. Entretanto
Diocleciano e todos os demais entenderam que o movimento não podia ser
destruído e cinco dias antes de sua morte seguindo o testamento de Galério,
Diocleciano assinou o edito que revogava todas as más atitudes em relação aos
cristãos.
No capítulo 13 Dreher
fala sobre a Igreja Imperial, sobre a ascensão de Constantino e sua meta em ser
o único governante do império. O sonho e um império, um imperador e uma igreja
estavam prestes a ser uma realidade. Constantino, após a guerra com Maxêncio
torna-se o imperador do Ocidente. O imperador Constantino junto com seu cunhado
o Imperador Licínio, fazem do culto divino suas principais preocupações. A
igreja livre iniciava uma nova era. A igreja pensava ter um imperador cristão.
Constantino concordava que um Estado sem religião era algo inconcebível. Um
monograma de Cristo foi estampado nos escudos dos soldados e, a igreja a cada
dia acreditava mais na conversão de Constantino. Era o segundo Moisés o
escolhido de Deus e mesmo com todas as mortes realizas pelas mãos de
Constantino a igreja não podia enxergar os fatos apenas um grande imperador.
Quem é Jesus? Os cristãos tinham as definições dadas por Pedro e
por Paulo como suficientes, mas para o imperador não era. Assim eles foram
obrigados a formular que era o Cristo e tiveram que fazer teologia. Ário era
conhecido do mundo teológico e tornou-se presbítero em Alexandria, cidade onde
as decisões político-eclesiásticas eram tomadas. O jovem diácono Anastácio
lanço-se contra Ário e a discussão, pois o Egito em chamas. Assim o imperador
convocou todos os bispos para uma reunião em sua residência de verão (Nicéia) e
as viagens foram costeadas pelo império. Em 20 de maio de 325 realizou-se a
abertura do Sínodo, Concílio de Nicéia.
Os resultados da revolução de Constantino causou na história,
trouxe muitas conseqüências negativas para a igreja, pois a igreja estava atrelada
ao estado. A igreja passou a ter regalias no império. O domingo foi consagrado
e a dada de nascimento de Jesus (06/01) foi alterada. Com a morte de
Constantino e seus sucessores a igreja foi crescendo e deixando sua autonomia.
Agora a igreja era imperial e um credo religioso estava estabelecido.
No capítulo XIV Dreher começa a falar sobre o surgimento do
papado. Fala sobre as diversas lendas em que a igreja estava envolvida, do
episcopado de Pedro e dos prodígios e brigas dentro da igreja. Aponta Granciano
como o Imperador que deu ao bispo da igreja o título de autoridade eclesiástica
máxima no Ocidente. Temos o surgimento do governador Ambrósio que foi
consagrado a bispo e foi um dos criadores do hino latino-cristão. Não há muitos
documentos de como viviam as igrejas nesta época. Falar de religião era coisa
só para a alta sociedade visto ter a fé se tornado imperial, estatal. Isto a
cada dia fazia a igreja se parecer mais com o mundo. Era uma igreja morna, ser
crente era só ter uma alegoria. Foi aí que algumas peças de roupas, a cruz que
Jesus foi crucificado, espinhos começaram a fazer parte da igreja. O número de
relíquias começava a aumentar e olhar para estas relíquias era aumentar a fé.
Assim a crença de que estes objetos podiam fazer milagres começou aparecer.
Todo o poder dos santos agora estava nas imagens e Maria já não era
simplesmente a mãe de Jesus era a imaculada, a virgem aquela que era a mãe de
Deus e quem podíamos clamar. Encontramos ainda neste capítulo Agostinho, pessoa
inteligente que se alegrava com a ciência. Certa vez foi levado a ler a bíblia
por Ambrósio e as palavras o marcaram profundamente levando a uma conversão
sincera. Transformou sua casa paterna em
convento e ali batiza muitas crianças. Deparou-se com Pelágio durante a história
e isto gerou conflitos sobre o pecado e a graça. Agostinho ainda escreveu
muitos escritos que tiveram grande significado para a igreja latina.
Qual o rico que se salva? Esta foi uma das temáticas que, na
preocupou a fé na Igreja antiga. As palavras de Jesus ao jovem rico
influenciaram fortemente os pais da igreja que, de modo errado pregava que os
ricos não poderiam se salvar. Herma teve diversas visões e na terceira o que
lhe foi mostrado, uma torre que se levantava sobre as águas, o fez ter alguns
entendimentos sobre a riqueza e a pobreza. Tiago também falava contra os ricos
e pregava que eles podiam ser salvos na condição de deixarem suas riquezas
totalmente de lado. Tertuliano dizia que Deus justificava os pobres e condenava
os ricos. Clemente em seu escrito: Qual o rico que pode ser salvo? Tentava despertar nova esperança no coração
dos ricos, a esperança de salvação e repartição dos bens, e a cada discurso
Clemente se distanciava mais dos ensinamentos de Jesus. Jesus oferecia um
convite a auxiliar os pobres e como poderia alguém auxiliar alguém não tendo
nada? Muitos pais da igreja no século IV
se pronunciaram quantos as propriedades privadas e o acúmulo dos ricos, pois
aquilo que era de todos virou algo privado e negociável. Basílio seguia a linha
de que a igreja podia exigir dos ricos a ajuda nos trabalhos sociais e deixou
de pedir esmolas. Suas exigências eram consideradas utópicas. Gregório de
Nazianzo dizia aos ricos para serem como no início (tenham tudo em comum) e
João Crisóstomo o grande economista seguia a mesma linha lembrando como vivia a
igreja primitiva. Afirmava que, a riqueza de Abraão e a de Jó eram uma dádiva
de Deus e não tinha sido adquirida injustamente. Mesmo não tendo suas idéias aceitas vemos
nele um exemplo de filho da Igreja antiga. Enfim a maioria dos teólogos
entendia tudo como uma dádiva de Deus e intocável. Assim a igreja caminhou com
as esmolas.
No final da História da Igreja antiga identificamos algumas
características. O ocidente diluía as lutas e permitia um surgimento do papado
e no Oriente as rivalidades cresciam nos ditos dos patriarcas. Temos o uso da
eucaristia e a prática de tornar herege qualquer doutrina que negasse a
perfeita união de Deus e do Homem. Nos deparamos também com Cirilo, um homem
que nasceu para ser imperador que após tomar posse do trono, matou muitos
judeus e influenciou o Imperador Teodósio II a convocar um Sínodo. Nos deparamos também o 2º, 3º e 4º Concílio
Imperial, neste, foi escrito um novo credo apostólico. O fim do império foi
marcado pelo Imperador Justino que ordenou que todos fossem batizados e tornou
a certidão de batismo importante, convocou o 5º Concílio ecumênico e tentou
reconciliar as igrejas monofisitas e não teve sucesso.
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