sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O LIVRO DE ATOS P.2

                               
                         LIVRO DE ATOS PARTE N.2
                        Sinais e maravilhas na Igreja

Por que os sinais e maravilhas eram tão comuns à Igreja Primitiva? Qual o segredo daqueles cristãos? Não havia segredo algum. Havia uma obediência amorosa e consciente à Grande Comissão que o Senhor Jesus confiou aos seus discípulos. Quanto mais evangelizavam e faziam missões, mais o Cristo neles operava por intermédio do Espírito Santo.
O mesmo não ocorre hoje com as igrejas que levam a sério o imperioso “ide” de Cristo? Leia com atenção os últimos versículos do Evangelho de Marcos e constate, em nossa própria realidade, o cumprimento pleno desta promessa: “E estes sinais seguirão aos que crêem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.17,18).
Vejamos, pois, o papel e as funções dos sinais e maravilhas, operados pelo Espírito Santo, na vida da Igreja.

 SINAIS E MARAVILHAS, A AÇÃO SOBRENATURAL DA IGREJA

O milagre tem de ser visto não como algo que ficou nos tempos bíblicos, mas como um recurso que o Espírito Santo nos coloca à disposição para que glorifiquemos a Deus e disseminemos o evangelho de Cristo.
 Definição. Os sinais e maravilhas descritos na Bíblia, principalmente em o Novo Testamento, são operações extraordinárias e sobrenaturais de Deus no âmbito das coisas naturais. São uma suspensão das leis da natureza. Somente o que criou todas as coisas pode agir natural e sobrenaturalmente em todas as coisas, porque tudo lhe é possível (Mc 10.27).
 Objetivos do milagre. Dois são os objetivos do milagre: glorificar a Deus e expandir-lhe o Reino (Mc 2.12; Lc 5.26; Jo 11.4). Em Atos, os prodígios operados pelos apóstolos abriram-lhes as portas da Palavra, a fim de que anunciassem com poder e destemor o evangelho. Haja vista o ocorrido na Porta Formosa (At 3.1-11). E o ocorrido em Listra? (At 14.8-18). A intervenção sobrenatural de Deus visa também beneficiar o ser humano. Alguém que é curado do câncer, por exemplo, enaltece o nome do Senhor pelo favor imerecido.
O milagre, por conseguinte, não tem por objetivo criar um espetáculo. Foi por isso que o Senhor emudeceu-se e nada fez ante a curiosidade de Herodes (Lc 23.8,9). Somente os que buscam a própria glória transformam os sinais e maravilhas em um show.

Em Atos capítulo três, Pedro e João dirigiam-se ao Santo Templo a fim de orarem, quando se depararam com aquele coxo de nascença que, diariamente, era trazido ao lugar sagrado para esmolar (At 3.2). Observemos que os apóstolos subiam juntos à Casa de Deus para buscar ao Senhor. Se juntos clamavam ao Senhor, juntos estavam prestes a realizar um grande milagre.
 Oração e milagre. Sem oração não há poder. Moisés e Jesus, que operaram grandes e portentosos sinais, viviam em constante oração e jejum (Êx 24.12-18; Mt 4.2). Se nós obreiros desta geração quisermos também realizar milagres e maravilhas é mister que, juntos, à hora da oração, subamos ao templo. A mão do nosso Deus não está encolhida para efetuar o sobrenatural.
 Quando nem ouro nem a prata fazem a diferença. Ao ver os apóstolos, esperava o coxo receber deles alguma coisa. Todavia, declarou-lhe Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
Hoje, há muitas igrejas ricas e poderosas. Algumas destas, porém, já não conseguem mostrar o poder que operava nos apóstolos. Sim, elas possuem muita prata e muito ouro, mas nenhum poder. O ouro e a prata somente são eficazes quando utilizados na expansão do Reino de Deus. Caso contrário, de nada valem diante daquele que disse: “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.8). Portanto evangelizemos e façamos missões!
O milagre na Porta Formosa. O mendigo achava-se justamente na Porta Formosa do Santo Templo (At 3.2). Que contraste! Diante de toda aquela suntuosidade, um mendigo. A porta era formosa e rica, mas achava-se fechada para aquele homem enfeado pela doença e empobrecido por sua condição social.

O MILAGRE ABRE A PORTA DA PALAVRA

Realizado o milagre, o que fizeram os apóstolos? Certamente não trabalharam o seu marketing pessoal nem foram abrir uma igreja independente. Sabendo que a excelência estava em Cristo e não em si, aproveitaram a ocasião a fim de proclamar o evangelho. Como tem você agido quando Deus usa-o na realização de um milagre ou prodígio? Chama a glória toda a si? Ou glorifica o Senhor da glória? Observe o modo como os apóstolos trataram o prodígio.
A proclamação da Palavra é mais importante que o milagre. Não resta dúvida de que um portento fora realizado. Era notório a todos (At 4.16). Era algo simplesmente inegável. Todavia, os apóstolos estavam prestes a mostrar que aquela ocasião era mais do que propícia à proclamação da Palavra de Deus. Hoje, temos muitas terças e quintas-feiras de milagres. Mas que todos os dias sejam dedicados à pregação do evangelho. O Senhor Jesus estará presente entre nós operando sinais e prodígios diariamente.
A proclamação da Palavra deve ser feita a tempo e a fora de tempo. É o que recomenda Paulo a Timóteo: “Conjuro-te, pois diante de Deus e do Senhor Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.1,2).
Por conseguinte, Pedro e João aproveitaram a oportunidade a fim de proclamar o Evangelho de Cristo tanto para o povo quanto para os sacerdotes. Leia com vagar os capítulos três e quatro de Atos dos Apóstolos. E veja quantas portas a pregação da Palavra foram abertas através do milagre operado pelos apóstolos na Porta Formosa. Tem você aproveitado as oportunidades para anunciar a mensagem da cruz? Ou acha que o milagre não passa de um espetáculo? É chegado o momento de se pregar a tempo e fora de tempo que Cristo Jesus morreu e ressuscitou para salvar o pecador.
Os sinais seguem aos que crêem. Mas quando estes seguem aqueles, a igreja começa a ter problemas. Vejamos, pois, os milagres e prodígios como oportunidades para anunciarmos o Evangelho de Cristo até aos confins da terra.
Por acaso não agiam assim os apóstolos de Nosso Senhor? Por que, então, agiríamos de outro modo? À semelhança de Pedro e João, declaremos com autoridade e ousadia: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).
“A natureza teológica de um milagre.Cada uma destas três palavras que se referem a eventos sobrenaturais (sinal, maravilhas e poder) delineia um aspecto do milagre. Um milagre é um evento incomum (maravilha) que transmite e confirma uma mensagem incomum (sinal) por intermédio de uma habilidade incomum (poder). Do ponto de vista divino privilegiado, o milagre é um ato de Deus (poder) que atrai a atenção do povo de Deus (maravilhas) para a Palavra de Deus (por meio de um sinal). [...] Eles são normalmente utilizados como sinais para confirmar um sermão; como maravilhas para verificar as palavras de um profeta; como milagre para ajudar a estabelecer a sua mensagem (Jo 3.2; At 2.22). Um milagre, portanto, é uma intervenção divina, ou uma interrupção, no curso regular do mundo que produz um evento com um objetivo definido, o qual, apesar de incomum, não ocorreria (ou não poderia ocorrer) de outra forma. Nessa definição, as leis naturais são compreendidas como sendo a forma normal regular e geral pela qual o mundo funciona. Entretanto, o milagre ocorre como um ato incomum, não-padronizado e específico de um Deus que transcende o universo. Isto não significa que os milagres são contrários às leis naturais; significa simplesmente que eles são originados em uma fonte que está além da natureza”.(GEISLER, N. Teologia Sistemática. Vol.1. 1.ed. RJ: CPAD, 2010, pp.43-44)

                        A importância da disciplina na Igreja

Numa igreja descompromissada com a sã doutrina, crentes como Ananias e Safira seriam até homenageados por sua “liberalidade e altruísmo”. Mas numa igreja que prima pelo ensino, não subsistiriam. Haveriam de ser desmascarados, repreendidos e fulminados pelo próprio Deus, pois Ele sonda-nos a mente e o coração. A falta de doutrina, pois, acaba por induzir toda uma congregação à hipocrisia e à mentira.No episódio de Ananias e Safira, Lucas destaca o valor da disciplina na Igreja de Cristo. Por conseguinte, vejamos porque o ensino é imprescindível ao povo de Deus.

 A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE

 Definindo a disciplina. O que é disciplina senão ensino? Mas possui ela também o seu lado grave: a correção (Pv 15.10). Seu objetivo é conscientizar-nos quanto às consequências de nossas atitudes (Gl 6.7). A falta de disciplina pode conduzir à morte. Foi o que aconteceu a Ananias e a Safira.
 A disciplina no Antigo Testamento. Por intermédio de seus profetas, Deus mostra ao seu povo o valor e a imprescindibilidade da disciplina (Jó 5.17). Ele requer que todos os seus filhos sejam ensinados na Lei e nos Profetas (Sl 25.8). A disciplina é tão preciosa quanto à própria vida (Pv 6.23). Eis o que diz Salomão: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto” (Pv 12.1).
Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios filhos. É claro que também somos contra os maus tratos impingidos às crianças. Mas que estas têm de ser disciplinadas, não o podemos negar. A recomendação é do próprio Deus: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24 — ARA). Por que os educadores contrários à educação cristã, ao invés de nos constrangerem com as suas impropriedades, não saem em defesa das crianças abandonadas e prostituídas que fervilham nossas cidades? É necessário e urgente resgatar a infância abandonada e proporcionar-lhe uma vida digna e segura.
A disciplina em o Novo Testamento. Embora vivamos sob os termos da Nova Aliança, Deus em nada mudou quanto ao padrão disciplinar de seu povo. Haja vista o Sermão do Monte. Agora, além de o Senhor ratificar o sétimo mandamento, por exemplo, requer tenhamos nós um coração puro (Mt 5.27,28). Por conseguinte, viver sob a lei do Espírito requer uma disciplina ainda maior.
Por quebrarem a disciplina, Ananias e Safira foram severamente punidos pelo Senhor.


 A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA

Disposto a dedicar-se integralmente ao cumprimento da Grande Comissão, Barnabé vende a sua propriedade e entrega todo o dinheiro aos apóstolos. Lucas, ao registrar o fato, realça o desprendimento daquele levita natural da ilha de Chipre, que haveria de prestar relevantes serviços ao Reino de Deus (At 4.36,37).
Ananias e Safira, imitando a Barnabé, também vendem a sua propriedade. Ao contrário deste, o casal retém parte do dinheiro, e repassa o restante aos apóstolos, como se aquele depósito representasse o valor total da propriedade. Eles, porém, seriam desmascarados, repreendidos e mortalmente punidos. Não se pode mentir a Deus.
 O pecado contra o Espírito Santo e a Igreja. O pecado de Ananias e Safira não foi um requinte social como eles supunham; constituiu-se numa ofensa contra o Espírito Santo (At 5.9). Ajamos, pois, com muito cuidado, porque o Senhor chamar-nos-á a prestar contas de todas as palavras frívolas que proferirmos (Mt 12.36).
Se formos disciplinados na Palavra de Deus, jamais cairemos no erro de Ananias e Safira: mentira, hipocrisia e roubo. Como vem você agindo? Tem se dado à mentira? Cuidado. Os mentirosos não terão guarida no Reino de Deus (Ap 22.15).
Uma oferta como a de Caim. Nossa atitude diante do Senhor é sempre mais importante do que a nossa oferta. Vejamos a história de Abel e Caim. Ambos trouxeram o fruto do seu trabalho a Deus. O primeiro teve a sua oferenda aceita, pois justo era o seu coração. Quanto ao segundo, por ser iníquo, foi rejeitado (Gn 4.6,7). Antes de atentar para a oferta, o Senhor contempla o ofertante.
Ananias e Safira poderiam ter vendido a propriedade pelo valor que bem entendesse e haver dado todo o montante, ou parte deste, à Igreja. Pedro deixou-lhes isso bem patente (At 5.4). Mas como o casal, buscando a própria honra, não mentiram somente a Pedro, mentiram também ao próprio Deus (At 5.3).

O EXTREMO DA DISCIPLINA

Ananias e Safira conheciam muito bem a doutrina dos apóstolos e não ignoravam o Antigo Testamento. Nas sinagogas, ouviam sábado após sábado, a leitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Chegaram eles a conhecer a Jesus? É bem provável. Por conseguinte, não foram eles punidos inocentemente. Ao mentirem a Pedro, sabiam estarem ofendendo o Espírito Santo. Eles sabiam que esse pecado era gravíssimo (Mt 12.32).
 A sentença de morte. Confrontado pelo apóstolo Pedro, Ananias viu-se desmascarado. Naquele momento, aliás, vê-se ele diante do tribunal divino e do Senhor recebe a sentença pela boca do apóstolo: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3,4).
Informa Lucas que, ouvindo a reprimenda de Pedro, Ananias caiu por terra fulminado. O mesmo aconteceria à sua esposa três horas depois (At 5.10). O casal que contra o Senhor peca unido, unido também perecerá. Não poderiam eles andar no temor e na disciplina divina?
 A maldição é retirada do arraial dos santos. Se Ananias e Safira não houvessem sido confrontados e punidos, a Igreja de Cristo, como um todo, sofreria por causa do anátema. Lembra-se do caso de Acã? Quando o pecado é revelado e a liderança não faz uso da disciplina, segundo os padrões bíblicos, toda a igreja sofre debaixo da maldição do pecado. Leia com atenção e temor o capítulo sete de Josué. Tomemos cuidado, pois Deus não mudou. Ele continua o mesmo. Aliás, vejamos esta advertência de Pedro: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17)
 “O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá” (Pv 15.5). A disciplina é uma prova de amor. Deus requer que seus filhos andem de conformidade com a sua Palavra. Se errarmos, Ele certamente disciplinar-nos-á. No entanto, cuidado: Deus não se deixa escarnecer.
Ananias e Safira, simulando uma justiça que não possuíam, mentiram para o próprio Deus. Por isso foram mortalmente punidos. Andemos, pois, no temor do Senhor. “O delito de Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensarmos que podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso falar”.(HENRY, M. Comentário Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2002, p.891)
O Pecado de Acã.“Certamente Acã descobriu que o pecado é uma emoção passageira. Houve a emoção de obter alguma coisa secretamente. Ele teve a emoção de conhecer uma coisa que os outros não conheciam. Ele teve a emoção de ser procurado. Finalmente, chegou a emoção de ser o centro das atenções, de ser ‘a manchete do dia’. Há pessoas dispostas a trocar suas vidas por essas compensações.
Mas a emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo descoberto por todos. O que ele havia escondido foi rapidamente manifesto a toda a sua nação. Aquilo que ele considerou valioso mostrou-se impotente para ministrar-lhe. Aquilo que ele teve orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria transformou-se em tristeza. Sua emoção momentânea terminou numa morte violenta. Com ele pereceu tanto aquilo que ele havia roubado quanto o que era legitimamente seu. Ele recebeu o salário do pecado. Ele foi ‘sem deixar de si saudades’ (2 Cr 21.20).
Este evento evidencia o princípio de que somente aqueles que vivem vidas submissas diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Acã recusou-se a se submeter ao plano de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao seu programa de vida.
O fato de que ‘nenhum de vós vive para si e nenhum morre para si’ (Rm 14.7) é ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma comunidade tanto para o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso desenvolvimento em sua carta aos coríntios. Ele conclui: ‘De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele’ (1 Co 12.26).
A vida de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto aos olhos de Deus. O Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e o que os dedos manipulam. Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de tentar enganá-lo. Mais cedo ou mais tarde, um ser humano deverá encarar seus atos e prestar contas de todos eles.
Outra verdade importante é encontrada no fato de que, assim que o pecado foi expiado, a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez a segurança de que poderia avançar. Esta verdade continua em ação. Aquele que aceita o sacrifício de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com esperança e segurança”.(MULDER, C. O. et al. Comentário Bíblico Beacon. 1.ed. Vol.2. RJ: CPAD, 2005, p.45)

                                    Assistencia Social.

O diaconato foi instituído a partir de uma contingência. Tudo aconteceu quando os crentes de expressão grega, inconformados por estarem suas viúvas sendo preteridas na distribuição diária, puseram-se a murmurar contra os hebreus. Buscando extinguir a dissensão, propuseram os apóstolos à “multidão dos discípulos” a escolha de sete homens notáveis por sua reputação, para que se encarregassem daquele “importante negócio”. Dessa forma, poderiam os pastores da Igreja dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra de Deus. O que parecia um problema local redundou numa solução universal.
Se evangelizar e fazer discípulos são a incumbência primária da Igreja Cristã, socorrer aos necessitados não lhe é tarefa secundária. Aprendamos, pois, com os santos apóstolos a cumprir integralmente a missão que nos confiou o Cristo de Deus. Tem você se ocupado com os mais carentes? Jesus não os esqueceu. Ordena-nos o Senhor ainda hoje: “Dai-lhes vós de comer”.

 AS DORES DO CRESCIMENTO

No Dia de Pentecostes, quase três mil almas converteram-se ao Senhor (At 2.14-39). Apesar de um crescimento tão surpreendente, os discípulos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42). O que isso evidencia? A completa dedicação da liderança ao discipulado e à sã doutrina. Tem você se consagrado à evangelização e ao ensino? Somente assim pode a sua igreja crescer. Esteja, contudo, preparado para os incômodos e as dores que acompanham o crescimento. Foi o que experimentou a Igreja em Jerusalém.
 A urgência da assistência social. Em razão do crescente número de conversos, os apóstolos não mais tiveram condições de atender devidamente às demandas sociais da Igreja (At 4.4; 6.1). Era necessário organizar o ministério cotidiano. Se de início não havia necessitado algum, agora já apareciam as queixas de um segmento muito importante da irmandade: os gregos. Eram estes, segundo podemos depreender, israelitas provenientes da Diáspora.
A Igreja em Jerusalém sentia, agora, as dores do crescimento. Somente as igrejas que não crescem são poupadas de tais desconfortos.
Como está o trabalho de assistência social de sua igreja? Todos estão sendo socorridos? O ideal é que, em nosso meio, ninguém seja esquecido (At 4.34).
 A murmuração dos gregos. Os crentes de expressão grega puseram-se a reclamar de que suas viúvas estavam sendo preteridas na distribuição diária (At 6.1). Fez-se murmuração o que era queixume. Para esvaziar aquele clima de insatisfação que já começava a generalizar-se, os apóstolos foram divinamente orientados a instituir o diaconato. Por que permitir que seja a discórdia espalhada entre os irmãos? Busquemos a sabedoria do alto. E assim teremos condições de pacificar os ânimos e manter a unidade do povo de Deus.

A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO

Com a murmuração dos gregos a ressoar-lhes aos ouvidos, os apóstolos reuniram a “multidão dos discípulos”, objetivando solucionar aquele problema. Por que deixá-lo avolumar-se e enfermar toda a congregação?
A participação da Igreja nas decisões. Os apóstolos, convocada a Igreja, propuseram a escolha de sete varões, para se encarregarem da assistência material e social aos santos. Requeria-se fossem os candidatos homens de “boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). Afinal, iriam eles lidar com o povo de Deus. Em sua Primeira Epístola a Timóteo, Paulo destaca a importância desse ministério: “Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1 Tm 3.13).
O ministério diaconal. Apesar de o capítulo seis de Atos não mencionar uma única vez a palavra “diácono”, não resta dúvida de que o ofício foi instituído naquela ocasião. É mister ressaltar o destaque de dois daqueles obreiros: Estêvão e Filipe (At caps. 6, 7 e 8). Não fossem os diáconos, como haveriam os apóstolos de se dedicarem à edificação do corpo de Cristo?
Há que se mencionar o diácono Atanásio (295-373) que, na História da Igreja Cristã, é honrado como o pai da ortodoxia.
Que o Senhor nos dirija na escolha de homens íntegros, sábios e cheios do Espírito Santo, para que nos auxiliem no exercício do pastorado.

                                    ASSISTÊNCIA SOCIAL

Era imperioso aos apóstolos devotarem-se à oração e ao ensino da Palavra de Deus. Doutra forma, como haveriam de edificar a Igreja na sã doutrina? Todavia, estavam eles mais do que cientes: as obras de misericórdia são também importantes. Que os crentes, pois, sobressaiamos igualmente pelas boas obras (Mt 5.16; At 9.36; Ef 2.10). Não alerta Tiago que a fé sem as obras é morta? (Tg 2.17). A assistência social na Igreja Cristã não será menosprezada.
O “importante negócio”. O trabalho assistencial foi considerado pelos apóstolos um “importante negócio” (At 6.3). Por isso houveram-se eles com diligência na escolha dos melhores homens para exercê-lo. Na Igreja de Cristo, o socorro aos necessitados também é visto como prioridade.
Havendo incumbido os diáconos de zelar pelo socorro aos pobres, a Igreja Primitiva demonstra ser possível exercer o serviço cristão em sua plenitude. Em sua despensa havia tanto o pão que desce do céu como o pão que brota da terra. Que exemplo às igrejas de hoje! A ordem do Senhor não será esquecida: “Dai-Ihes, vós mesmos, de comer” (Mt 14.16).
 Servindo à Igreja de Cristo. Tanto os doze apóstolos como os sete diáconos porfiaram em servir à Igreja. Os primeiros com a oração e a Palavra; os segundos, com o ministério cotidiano. Um não pode subsistir sem o outro. Sanada a dificuldade com a assistência às viúvas gregas, informa-nos Lucas: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (At 6.7 — ARA).
“A Comunhão Quebrad.Os crentes se dedicam a formar uma comunidade de comunhão (At 2.42), que acha expressão em compartilhar as possessões com os necessitados. Como exemplo positivo de comunhão, Lucas chamou atenção a Barnabé (At 4.36,37); em contraste, Ananias e sua esposa são exemplos negativos (At 5.1-11). No capítulo 6, Lucas informa um desarranjo na comunhão causado pela negligência da comunidade para com suas viúvas gregas. No meio de tremendo progresso da Igreja, este problema coloca a unidade eclesiástica em sério perigo. Nesta época, a comunidade cristã consiste em dois grupos: os judeus gregos (hellenistai, ‘crentes de fala grega’) e os judeus hebreus (hebreaioi, ‘crentes de fala aramaica’). Os judeus gregos de Atos 6 são crentes que foram fortemente influenciados pela cultura grega. [...] Os cristãos de fala aramaica são mais fortes nas tradições religiosas palestinas e mostram mais restrição em atitude para com a lei judaica e o templo. Sendo mais agressivos na abordagem, os judeus helenísticos provocavam raiva. Em pelo menos uma ocasião a pregação agressiva de um crente de fala grega na sinagoga helenista em Jerusalém termina em apedrejamento. Os judeus helenistas apresentavam o evangelho com tal zelo que eventualmente os oponentes os compelem a fugir de Jerusalém para salvar a própria vida (At 8.1-3)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. RJ: CPAD, 2004, p.657).
 “O Descontentamento Social.Afirma o eminente teólogo da Universidade de Salamanca Lorenzo Turrado: ‘A queixa dos helenistas, a julgar pela iniciativa tomada pelos apóstolos, parece que tinha sério fundamento’. A situação que se desenhava deixou os apóstolos mui preocupados. Como israelitas, sabiam eles que a injustiça e a desigualdade sociais eram intoleráveis aos olhos de Deus (Dt 15.7,11). Não foi por causa da opressão que o Senhor desterrara a Israel? A palavra de Ezequiel não tolera dúvidas: ‘O povo da terra tem usado de opressão, e andado roubando e fazendo violência ao pobre e ao necessitado, e tem oprimido injustamente ao estrangeiro’ (Ez 22.29). Infelizmente, a questão social continua a ser descurada por muitos ministros do Evangelho. Acham eles que a desigualdade social é um problema que cabe apenas ao governo resolver. Mas a Bíblia não ensina assim. Embora a Igreja de Cristo seja um organismo espiritual e desfrute da cidadania celeste, ela é vista como uma comunidade administradora de uma justiça que tem de exceder a do mundo (Mt 5.20). O comentário é de Broadman: ‘Os cristãos têm infligido quase tantas feridas à comunhão quanto os perseguidores externos, abrigando em si preconceitos raciais, religiosos e de classe. Esse preconceito leva à discriminação, e a discriminação destrói a unidade dos crentes. Estas distinções não deviam ter entrado na Igreja, naquela época, e não devem entrar hoje’” (ANDRADE, C. Manual do Diácono. 1.ed. RJ: CPAD, 1999, pp.17,18).
As implicações de Atos 6.“Paternalismo. Talvez a primeira lição que deva ser aprendida é a de que a liderança espiritual da igreja precisa evitar o paternalismo. A maneira de se desenvolver uma igreja amadurecida não é impor soluções ‘de cima para baixo’, mas envolver a congregação na solução do problema, e confiar aos membros um papel significativo na tomada de decisões.
Confiança. Teria sido tão fácil tornar-se defensivo e argumentar em quem se deveria ou não colocar a culpa. Em lugar disso, a congregação concentrou-se no problema e os cristãos de fala aramaica demonstraram confiança em seus irmãos, ao fazer os cristãos de fala grega responsáveis pela distribuição a todos.
Prioridades. Os líderes espirituais da igreja precisam concentrar sua atenção ‘na oração e no ministério da palavra‘ (6.4). Mas as preocupações materiais dos crentes também precisam de atenção. E aqueles que lidam com as ‘coisas práticas’ precisam ser pessoas ‘cheias de fé e do Espírito Santo’.
Flexibilidade. Precisamos estar prontos para reagir às necessidades. Frequentemente, nossas igrejas estão encerradas em antigos programas ou antigos cargos. Em lugar de procurar com criatividade satisfazer as necessidades à medida que elas surgem, nós lutamos para manter o mecanismo da igreja. Este incidente na vida da Igreja Primitiva nos lembra de que as pessoas são mais importantes do que as constituições de nossa igreja, e que a inovação não é uma palavra feia” (RICHARDS, L. O. Comentário Histórico Cultural do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2007, pp.263-64).


                       Quando a Igreja de Cristo é perseguida

eremos que os crentes da Igreja Primitiva enfrentaram forte oposição por parte das autoridades, todavia, aqueles irmãos não deixaram de testemunhar e proclamar o evangelho de Cristo. Eles não tinham suas vidas por preciosas, por isso, não temiam testemunhar de Jesus. Os crentes demonstravam, por intermédio do testemunho pessoal, o que Jesus havia feito em suas vidas. Não podemos nos esquecer de que fomos chamados para sermos testemunhas de Cristo. Muitas são as oportunidades que o Senhor tem nos dado para proclamarmos sua Palavra. Que não venhamos a ficar intimidados, deixando de testemunhar de Cristo, mesmo diante das críticas, maus exemplos de alguns ou qualquer tipo de perseguição. Sigamos de perto a postura dos primeiros crentes.

CONSEQUÊNCIAS DO MARTÍRIO DE ESTÊVÃO

   •   Jornada evangelística de Filipe (8.4-40);   •   A conversão de Saulo (9.1-30);
   •   A viagem missionária de Pedro (9.32—11.18);
   •   A fundação da Igreja em Antioquia da Síria (11.19).
Semeado em Jerusalém, o sangue de Estêvão frutifica a vocação universal da Igreja de Cristo. O que parecia mais uma seita judaica extrapola as fronteiras de Israel como Reino para conquistar o império. Nesse processo, Saulo de Tarso antagoniza um importante papel. Perseguindo, espalha a chama do evangelho. Mais tarde, já converso e perseguido, leva esta mesma flama até aos extremos da terra.
O martírio de Estêvão não foi em vão. Mais tarde, testemunharia Tertuliano (155-222), um dos mais importantes apologetas eclesiásticos: “Quanto mais nos esmagardes, tanto mais cresceremos, que é semente o sangue dos cristãos”.
Neste momento, a Igreja de Cristo é perseguida em todo o mundo. Sim, perseguem-nos não apenas física, mas cultural e institucionalmente. À semelhança dos cristãos primitivos, quanto mais tentam reprimir-nos localmente, mais universalmente nos espalhamos.

 OS EFEITOS DA MORTE DE ESTÊVÃO

O teólogo inglês Matthew Henry (1662-1714), um dos maiores comentaristas das Sagradas Escrituras, escreve mui sábia e apropriadamente: “Algumas vezes Deus levanta muitos ministros fiéis sobre as cinzas de um deles”. Haja vista o martírio de Estêvão. Se aos olhos humanos era uma simples execução, à vista divina aquela morte foi o caminho que conduziu muitos à vida, inclusive um homem fero e irreconciliável como Saulo de Tarso. Somente a história haveria de avaliar os efeitos do assassinato daquele justo.
Sobre Paulo. Como ouvir um discurso como o de Estêvão e não curvar-se às evidências do evangelho? Embora teimasse em não reconhecer a Jesus como o Messias de Israel, Saulo de Tarso não pôde ficar indiferente às palavras e ao martírio daquele santo. É o que depreendemos destas palavras do próprio Senhor: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14). Aliás, o mesmo Saulo o confessa: “E, quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava as vestes dos que o matavam” (At 22.20).
A evangelização de Saulo teve início com o sermão de Estêvão, em Jerusalém, sendo complementada, em Damasco, por Ananias. Muito em breve o que localmente perseguira a Igreja, universalmente haveria de expandi-la de Antioquia a Roma.
Sobre a Igreja. Com os termos da Grande Comissão a ecoar-lhes nos ouvidos, sabiam os santos apóstolos que a Igreja não poderia circunscrever-se a Jerusalém (Mt 28.19,20). Mas quando sair à Judeia? Quando alcançar Samaria? E quando atingir os mais distantes lugares da terra? Estando ainda estas perguntas por se responder, eis que o martírio de Estêvão precipita a dispersão da Igreja de Jerusalém.
Ao relatar o evento, escreve Lucas: “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4). Por conseguinte, quando aqueles piedosos varões puseram-se a sepultar o corpo de Estêvão, não sabiam eles estarem, na verdade, semeando uma semente que, de imediato, multiplicar-se-ia dentro e fora dos termos de Jacó. Não foi exatamente isto o que ensinara o Senhor: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24). Mais tarde, confirmaria o doutíssimo Tertuliano as palavras do Cristo: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.
As perseguições à Igreja não ficaram no passado. Este sistema, que jaz no maligno, tudo faz por sufocar a Noiva do Cordeiro. Está você preparado a defender a sua fé? Morreria por amor a Cristo? Não podemos fugir a essa pergunta. Que a nossa confissão seja tão firme quanto à de Jan Hus (1369-1415), reformador protestante da antiga Boémia: “Com a maior alegria confirmarei com meu sangue a verdade que tenho escrito e pregado”.

QUANDO A IGREJA É PERSEGUIDA

Quem ainda não leu o excelente livro Torturado por Amor a Cristo? Escrito pelo pastor romeno Richard Wurmbrand (1909-2001), mostra-nos o quanto a Igreja de Cristo sofreu nos países comunistas. Atrás da cortina de ferro, eram os cristãos perseguidos física, cultural e institucionalmente.
 Perseguição física. Neste exato momento, muitos são os missionários, pastores e leigos que, torturados e até mortos por causa da santíssima fé, fazem boa e ousada confissão ante o verdugo (1 Tm 6.13). Se pudéssemos ouvir-lhes o clamor! Oremos por nossos irmãos na China, na Coreia do Norte, em Cuba e nos países muçulmanos. Em cada uma dessas nações, há uma igreja de Esmirna (Ap 2.8-11). Deixemos, pois, o conforto de Laodiceia e saíamos a espalhar a boa semente do Evangelho.
Perseguição cultural. Embora vivamos num contexto cultural, não podemos nos conformar, sob hipótese alguma, com a cultura do presente século (Rm 12.1,2). Então, como devemos agir? Se, de fato, somos o sal da terra e a luz do mundo, transformemos a cultura que nos busca envolver através da proclamação da Palavra de Deus (Mt 5.13).
As manifestações culturais deste mundo apregoam sutil e quase que, imperceptivelmente, o relativismo moral, a substituição dos valores bíblicos por uma ética leniente e permissiva e a entronização do homem no lugar que pertence exclusivamente a Deus. Como não podemos nos conformar com tais coisas, somos alijados da vida cultural da sociedade. Não agiam assim os gregos em relação ao Evangelho (1 Co 1.22-24). O que os inquisidores deste mundo não sabem é que a loucura de Deus é mais sábia do que os homens (1 Co 1.25).
Perseguição institucional. Os interesses do Reino de Deus jamais se coadunarão com os deste mundo. Por isso, levantam-se alguns potentados, buscando amordaçar a Igreja de Cristo. Tentam eles, sob o apanágio de um humanitarismo falso e aparatoso, impedi-la de protestar, por exemplo, contra o homossexualismo. Outros buscam descriminalizar práticas como o aborto e o uso de drogas. E outros ainda afadigam-se em varrer das escolas qualquer vestígio do criacionismo bíblico.
Diante de todos esses ataques institucionais, lembremo-nos da exortação do pastor batista norte-americano, William S. Plumer (1759-1850). Alerta-nos ele: “Perseguição não é novidade... a ofensa da cruz jamais cessará”.

 COMO ENFRENTAR A PERSEGUIÇÃO

Assim devemos, portanto, enfrentar a perseguição:
 Evangelizando e fazendo missões. Se bem atentarmos, constataremos: a Igreja só começou a evangelizar e a fazer missões depois da perseguição que lhe moveram as autoridades judaicas após a morte de Estêvão (At 8.4,5; 13.1-3). O que estamos esperando? É hora de atravessarmos as fronteiras com o Evangelho de Cristo.
Apresentando uma apologia de nossa fé. Contra a perseguição cultural e institucional, a recomendação de Pedro é clara e urgente: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15 — ARA).
 Conservando nossa identidade como povo de Deus. Somos perseguidos, porque somos um povo especial, zeloso e de boas obras (Tt 2.14). Enfim, representamos tudo o que o mundo odeia. Nós, luz; eles, ainda em trevas. Porfiemos por uma vida santa e justa.
O Diabo tudo fez por matar a Igreja em seu nascedouro. O que ele não sabia, ou fingiu esquecer, é que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja de Cristo. O Diabo não pôde emudecer a Filipe nem a Paulo. Como diria o teólogo A. W. Tozer (1897-1963): “O fogo de Deus não pode ser apagado pelas águas da perseguição dos homens”.
 “Os escritos de Basílio sobre a perseguição de Deoclécio dão uma ideia geral do que foram as crueldades e os horrores daqueles dias: ‘As casas dos cristãos eram deixadas em ruínas; seus bens, pilhados. Seus corpos caíam nas mãos dos ferozes lictores, que os dilaceravam como bestas selvagens, e arrastavam as matronas pelos cabelos através das ruas, insensíveis às súplicas por clemência, viessem elas dos idosos ou daqueles de tenra idade. Os inocentes eram submetidos a tormentos reservados apenas aos mais vis criminosos; os calabouços eram lotados com habitantes dos lares cristãos, que agora jaziam desolados; os desertos sem caminhos e as cavernas das florestas enchiam-se de fugitivos, cujo único crime fora a adoração a Jesus Cristo’” (REILLY, A. J. Os Mártires do Coliseu. 1.ed. RJ: CPAD, 2005, p.38).

                                     A conversão de Paulo

As autoridades religiosas de Jerusalém outorgaram a Saulo cartas que lhe garantiam o direito de prender os cristãos. Todavia, no caminho de Damasco, Saulo teve um encontro memorável com Jesus. Este encontro mudou radicalmente sua vida. Diante do Rei dos reis, Saulo, o perseguidor de cristão, se prostra. Um dia, todos terão que se curvar diante de Jesus. As convicções religiosas de Saulo também são lançadas ao chão naquele momento. Embora cego, Saulo sai daquele encontro transformado e “enxergando” a realidade! Esse novo homem ficou três dias sem comer ou beber nada, certamente pensando em tudo que lhe aconteceu. Mais tarde Paulo aprendeu o que é padecer pelo Senhor. Por intermédio desse “vaso escolhido” a igreja tornou-se basicamente gentia.

RESUMO DA VIDA DE PAULO

  •  Nascido em Tarso, Capital da Cilícia (22.3);
  •  Fariseu (23.6);
  •  Cidadão romano (22.25-28);
  •  Fazedor de tendas (18.3);
  •  Aluno de Gamaliel (22.3);
  •  Guardava a Lei (26.5);
  •  Um encontro com Jesus mudou sua vida (9);
  •  Foi batizado (9.18);
  •  Suas últimas palavras (2 Tm 4.6-8).
Paulo é considerado, depois de Jesus, o personagem mais importante da historia da Igreja Cristã (At 24.5). Ele escreveu quase a metade dos livros do Novo Testamento e foi responsável direto pela evangelização dos gentios. Dezessete dos vinte e oito capítulos de Atos dos Apóstolos são dedicados à conversão e ao ministério do apóstolo dos gentios (At 9; 13-28).Sabemos mais a respeito de Pauto do que dos demais apóstolos. Aprendamos, pois, com a vida e a obra de Paulo!

 SAULO DE TARSO

Na comunidade judaica, Paulo era conhecido por um nome bem hebreu: Saulo (At 9.1,4,11). Ele provinha de uma família benjamita que, apesar de viver na Diáspora, era mui fiel à tradição (Fp 3.5). Tendo em vista sua formação cultural e religiosa; mostrou-se mais do que hábil para atuar como o apóstolo dos gentios.
A formação cultural de Paulo. Instruído aos pés de Gamaliel (At 22.3), Saulo pertencia ao partido religioso mais conceituado do Judaísmo — os fariseus (At 26.5; Fp 3.5). Ele conhecia profunda e intimamente o Antigo Testamento (Rm 1.17; 3.4,5,10-18; 9.6-33), as tradições de seu povo (At 26.24: 28.17,18; Gl 1.13-14) e a língua hebraica (At 22.1,2). Era tão bem versado no meio religioso de Israel que, dos principais sacerdotes, recebera autorização para perseguir os discípulos de Cristo (At 26.10).
As evidências indicam que Paulo cursou a universidade de Tarso. Haja vista o seu domínio do idioma grego e dos autores clássicos, dos quais cita pelo menos dois: Aratos e Epimênides (At 17.28; Tt 1.12). Cidadão romano, falava também mui provavelmente o latim.
 Paulo, cidadão romano. Natural de Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; Gl 1.21), Paulo tornara-se, por nascimento, cidadão de Roma, pois a cidade era província romana (At 22.25-29). Naquele tempo, a nacionalidade romana era adquirida de três maneiras: por direito de nascença, por concessão imperial e por aquisição pecuniária (At 22.28; 23.27; 24.7,22).
Embora conhecesse muito bem os seus direitos como romano (At 22.25-29; 25.10-12,21,27), era-lhe a cidadania celeste (Ef 2.19; Fp 3.20) mais importante do que os privilégios concedidos pelos homens. Esta é a razão pela qual renunciou a todas as regalias terrenas para assumir a cruz de Cristo (Fp 3.7-9). Como tem agido você como cidadão do céu?

                                  A CONVERSÃO DE PAULO

A conversão de Paulo está narrada em três capítulos de Atos dos Apóstolos (9.3-18; 22.6-21 e 26.12-18). Vejamos os relatos segundo o desenvolvimento cronológico dos fatos.
 O Encontro com Jesus. Saulo solicita autorização aos principais sacerdotes, afim de perseguir os discípulos de Cristo que se achavam em Damasco (At 9.1-2; 22.5; 26.10-11). Já próximo da cidade, ele e seus companheiros são envolvidos subitamente por uma luz do céu, muito mais forte que o sol (At 9.3; 22.6; 26.13). E todos caem por terra (At 9.4; 22.7; 26.14). Em língua hebraica, Jesus deu-se-Ihe a conhecer (At 26.14,15).
Os que o acompanhavam não viram a ninguém. Aturdidos, ouviram, sim, a voz, mas não entenderam a mensagem (At 9.7; 22.9; cf. Jo 12.28-30). Paulo, então, é confrontado por Jesus Cristo (At 9.5; 22.7; 26.14,15) e por este é comissionado a levar o evangelho tanto aos filhos de Israel como aos gentios (At 26.16-18). Em seguida, o Senhor orienta-o a seguir viagem até Damasco, onde receberia novas instruções (At 9.6; 22.10).
Erguendo-se, Saulo nada enxerga. Conduzido por seus auxiliares até Damasco, na cidade permanece durante três dias sem nada ver, sem nada comer e sem nada beber (At 9.8,9; 22.11).
Ananias visita a Paulo. Enquanto isso, o Senhor em visão aparece a Ananias, homem piedoso e justo que morava em Damasco, e ordena-lhe que vá à casa de Judas, que ficava na rua Direita, e pergunte “por um homem de Tarso chamado Saulo”. Naquele instante, este orava e via numa visão a Ananias que, entrando em seus aposentos, impunha-lhe as mãos para que voltasse a enxergar (At 9.10-12; 22.12).
Ananias, então, retruca. Sabe ele qual o propósito de Paulo na cidade (At 9.13-14). O Senhor, porém, afiança-lhe que o perseguidor será doravante um vaso escolhido para tornar o evangelho conhecido em todo o mundo (At 9.15-16; 26.16-18). Imediatamente Ananias vai ao encontro de Saulo e, impondo-lhe as mãos, confirma a comissão que ele recebera do Senhor, recobra-lhe a visão e batiza-o (At 9.17-18; 22.13-16).
Saulo, de perseguidor a perseguido. Já refeito, Saulo busca congregar-se com os irmãos em Damasco (At 9.19). Apesar dos temores iniciais, os discípulos acabam por estender-lhe a destra de comunhão. Em ato contínuo, põe-se ele a testemunhar de Cristo a todos nas sinagogas da cidade (At 9.20). Os judeus perturbam-se com a sua conversão (At 9.21-22). E intentam tirar-lhe a vida (At 9.23). Tal plano chega ao conhecimento de Saulo (At 9.23-24). Para o livrarem da cilada, os irmãos descem-no de noite num cesto pelo muro (At 9.25). E ele segue em direção a Jerusalém (At 9.26; 22.17).

PROPÓSITOS DA VOCAÇÃO DE PAULO

Os objetivos de Cristo ao confrontar Saulo na estrada de Damasco são desenvolvidos nas três narrativas de sua conversão de Atos dos Apóstolos (9.3-18; 22.6-21; 26.12-18).
 Conhecer a vontade de Deus. Saulo teria de conhecer realmente a vontade de Deus concernente a Israel, a Igreja e ao mundo (At 22.14,15). Mais tarde, em sua Epístola aos Efésios, revela a sua compreensão concernente à Igreja de Deus, formada não por uma nação, mas constituída igualmente por judeus e gentios. Tudo isso revelou-lhe o próprio Senhor. Tem você procurado saber a vontade divina para a sua vida?
 Tornar-se ministro e testemunha de Jesus. Consciente de sua vocação, põe-se Paulo a testemunhar de Cristo não somente diante dos gentios, mas também perante Israel. Faz ele apologia do evangelho ante os reis e filósofos. É um verdadeiro campeão de Deus (At 9.15; 22.15,21; 26.16-18). Como está o seu testemunho cristão? Acha-se preparado para defender a sua fé?
Sofrer a favor de Cristo e do evangelho. Em virtude de sua audácia, muito sofre por amor a Cristo (Gl 6.17). O que dantes perseguira a Igreja de Cristo, vê-se de repente perseguido por causa deste mesmo nome. No capítulo 11 de sua Segunda Epístola aos Coríntios, discorre ele acerca das muitas perseguições por ele sofridas, quer por parte de seus patrícios, quer por parte dos gentios. Mesmo perseguido, o evangelho foi poderosamente anunciado através de suas
A conversão e vocação de Paulo ensinam-nos que Deus chama e capacita a quem ele quer para ministérios específicos. Ele transforma o mais terrível dos homens num “vaso escolhido”, a fim de que proclame o seu Evangelho até aos confins da terra.Você foi chamado para anunciar a mensagem da cruz? Obedeça, já. É o tempo de segar.

A conversão de Saulo.“Saulo (posteriormente chamado de Paulo, o equivalente grego do nome ‘Saulo’), que é mencionado pela primeira vez como tendo participado do apedrejamento de Estêvão era tão zeloso das suas crenças religiosas que iniciou uma campanha de perseguição contra todos os que acreditavam em Cristo, todos que eram do ‘Caminho’ (versão RA) (veja o testemunho de Paulo em Filipenses 3.6). A expressão ‘o Caminho’ se referia ao ‘caminho do Senhor’ ou ‘o caminho da salvação’. Por que os judeus em Jerusalém queriam perseguir os cristãos a uma distância tão grande como Damasco? Há várias possibilidades: (1) para prender os cristãos que tinham fugido; (2) para evitar a chegada do cristianismo a outras cidades importantes; e (3) para impedir que os cristãos causassem qualquer problema com Roma. [...] Damasco [era] uma cidade comercial importante, estava situada cerca de 280 quilômetros a nordeste de Jerusalém, na província romana da Síria. [...] Saulo pode ter pensado que ao eliminar o cristianismo em Damasco, ele poderia impedir a sua disseminação a outras regiões. Já próximo do seu destino, quase ao meio-dia, quando o sol estava a pino [...], Saulo repentinamente se encontrou cercado por um resplendor de luz. Embora o texto não afirme abertamente que Saulo viu a Cristo, este fato fica implícito, uma vez que ver o Senhor ressuscitado era um requisito para o apostolado do Novo Testamento (1 Co 9.1; 15.8)” (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol.1. 1.ed. RJ: CPAD, 2009, pp.662-63).

               O Evangelho propaga-se entre os gentios

Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Criador de tudo quanto existe, a todos preserva pela sua bondade e justiça (At 17.25-28). Ele ama a todos indistintamente e deseja a salvação de toda a humanidade (Jo 3.16) através de Jesus Cristo (Mt 1.21; At 4.12). Esta é a mensagem que os apóstolos de Nosso Senhor proclamaram aos gentios. No Filho, todos somos amados pelo Pai, sem quaisquer distinções. Está você também disposto a anunciar o evangelho até aos confins da terra? Há muita terra ainda a ser conquistada.

 OS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO

Toda a humanidade descende de um único casal a quem Deus formara segundo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27; 5.2). Embora criado santo, justo e bom para a glória do Senhor (Gn 5.1; Sl 115.1), o homem desobedeceu-lhe as ordens e veio a conhecer experimentalmente o pecado. Com a sua apostasia, fez com que a maldade tomasse conta do mundo (Gn 4.8,23). A Deus, então, não restou outra alternativa senão destruir a primeira civilização através de um dilúvio universal (Gn 6-9).
 Um novo começo com Noé. Apenas Noé e a sua família salvaram-se daquele cataclismo. Por intermédio dos filhos do piedoso e santo patriarca: Jafé (Gn 10.2-5), Cam (Gn 10.6-20) e Sem (Gn 10.21-31), vieram a formarem-se as nações com as suas respectivas geografias (Gn 10 - 11). Infelizmente, a humanidade porfiou em desobedecer a Deus (Gn 11.1-9). Em meio a essa desolação espiritual e moral, Deus santifica um descendente de Sem, Abraão, para que dele uma nova nação fosse formada (Gn 12.1-3). Em Abraão, fomos todos abençoados.
A exclusividade dos descendentes de Abraão (Gn 15.5,6). Ao chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn 12.1-3). Seu propósito à nação judaica (Gn 18.18; 22.18) era torná-la uma propriedade peculiar, um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.5,6). Ele a constituiu para que esta lhe fosse uma possessão distinta e particular (Is 44.1-2), a fim de que, por seu intermédio, alcançasse os gentios.
A partir de então, todas as demais etnias passaram a ser conhecidas como gôyim — gentios (Gn 15.18-21). Isso não significa, porém, que Deus não ame as demais nações. Ele as ama, sim! E de tal maneira amou-as, que deu o seu Único Filho, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Além do mais, em Abraão foram benditas todas as nações da terra (Gn 12.3).

 OS GENTIOS EM O NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento faz questão de realçar o amor de Deus não somente por Israel, mas por todos os povos. João 3.16 deixa isso bem claro. Não resta dúvida: a salvação vem dos judeus, mas não se restringe aos judeus, mas através dos judeus deve alcançar a todos os não-judeus.
Nos Evangelhos. Nos evangelhos há várias referências aos gentios (Mt 6.7,32: Mc 10.33; Lc 12.30; 18.32). Descritos às vezes com certa reserva (Mt 20.19; Mc 10.33), são eles vistos como a grande seara a ser alcançada pelos apóstolos que, no cumprimento da Grande Comissão, deixariam Jerusalém e a Judeia para evangelizar e ensinar todas as nações (Mt 28.18-20). Aliás, Isaías já destacava a missão do Cristo entre os gentios (Is 42.1-4). Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus agraciou alguns destes como a mulher cananeia (Mt 15.21-28) e o centurião (Lc 7.1-10).
Nos Atos dos Apóstolos. Embora Atos 1.8 estabeleça a obrigatoriedade da missão entre os gentios, somente no capítulo 9 e versículo 15, após a conversão de Paulo, é que se declara aberta e enfaticamente a evangelização das nações (ver At 13.44-47). A resistência inicial dos apóstolos em discipulá-Ios (At 10.9-16) é vencida quando Cornélio, sua família e demais assistentes, recebem o batismo com o Espírito Santo (At 10.44-48). O fato trouxe perplexidade no colégio apostólico (At 11.1-3,18), mas após a apologia de Pedro (At 11.4-17 ver 15.7-11), a Igreja glorificou a Deus pelo fato de os gentios serem também objeto do amor de Deus (At 10.45).
 Missão e Salvação entre os Gentios. Se Pedro, com o evangelho da circuncisão, é proeminente nos capítulos de 1 a 12 de Atos, nos capítulos de 13 a 28, destaca-se Paulo com o evangelho da incircuncisão (Gl 1.7). O primeiro diz respeito aos judeus, o segundo aos gentios (At 13.44-47). Trata-se, porém, de um só evangelho — o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulo estava consciente de que fora chamado por Deus para anunciar o evangelho aos gentios (At 9.15), sem os entraves da lei (At 15.19,28,29; Rm 4.9-16). Em suas viagens missionárias, não foram poucos os gentios que se converteram ao Senhor (At 11.1,18) e de bom grado ouviram a exposição da graça divina (At 13.42).
Você se preocupa com a evangelização transcultural? Se você não foi chamado ao campo, coopere financeiramente com a Obra Missionária e ore pelos que se acham além-fronteira falando do amor de Deus. A responsabilidade pelo “Ide” também é sua.

 JUDEUS E GENTIOS UNIDOS POR DEUS MEDIANTE A CRUZ

 A Igreja de Deus. Ao defender a difusão do Evangelho entre as nações, afirmou Pedro: “[...] Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (At 15.14). Esse povo é a Igreja formada por judeus e gentios em Cristo (Rm 9.24-33). De ambos, fez Ele um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, e, pela cruz, reconciliou ambos com Deus em um corpo (Ef 2.14-16).
Dessa maneira, o Espírito Santo revela a Paulo (Ef 3.4,5) que os gentios não são mais estrangeiros (gôyim) e nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, da família de Deus (Ef 2.11-22; 1 Pe 2.5), co-herdeiros e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho (Ef 3.6).
Expansão da Igreja entre os gentios. Através de suas viagens missionárias, Paulo propagou o evangelho entre os povos e culturas conhecidos naqueles dias (Rm 15.19,20). Em várias regiões, estabeleceu ele igrejas constituídas notadamente por gentios (Rm 16.4).

A evangelização dos povos é o maior desafio da igreja moderna. A responsabilidade é nossa. O Senhor confiou-nos a Grande Comissão para que, sem remissões, alcancemos os confins da terra. Ele deseja que todos os gentios sejam salvos. Você sabia que muitos povos ainda não ouviram falar de Jesus? Como responderá você a esse grande desafio? Se o Senhor o chama à Obra Missionária, responda prontamente: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim”.
 “Israel e a Igreja.Nos capítulos iniciais de Atos dos Apóstolos, a recepção judaica à mensagem do evangelho foi poderosa e inquietou os líderes judaicos. Mas, depois, iniciou-se a reação e a perseguição judaicas para que a Igreja se dispersasse. Em alguns locais, a mensagem foi tirada da sinagoga e oferecida diretamente aos gentios que responderam de forma favorável (At 13.46; 18.6; 28.28). Esse padrão híbrido de recepção judaica, perseguição e busca dos gentios foi comum, em especial, no ministério de Paulo. Os apóstolos iniciaram na sinagoga, pois criam que a mensagem de Cristo era também para os de Israel. As igrejas locais desenvolveram-se por necessidade de sobreviver em face da rejeição. Essas realidades fizeram com que Lucas, em Atos dos Apóstolos, falasse de forma reiterada sobre os mensageiros da Igreja ‘se voltarem para os gentios’ e ‘advertirem Israel’. Esses temas, com frequência, aparecem lado a lado e dominam o último terço do livro de Atos dos Apóstolos. Eles mostram que a Igreja não era Israel e que essa distinção tornou-se uma realidade do ponto de vista histórico” (ZUCK, R. B., et al. Teologia do Novo Testamento. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, pp. 160-61).
 “A inclusão dos Gentios na Única e Nova Humanidade em Cristo (Ef 2.13-18).Paulo continua a descrever como a obra da redenção torna as pessoas um só povo em Cristo. O verso 13 começa com duas frases importantes: ‘Mas, agora’ que aparece em contraste com ‘antes’ (v.11) e ‘naquele tempo’ (v.12); e ‘em Cristo Jesus’, que aparece em contraste com ‘sem Cristo’ (v.12). Essas duas expressões enfatizam como a situação dos gentios seria drasticamente modificada, de estarem ‘longe’ para chegarem ‘perto’. Essa nova aproximação de Deus é tanto ‘em Cristo Jesus’ como ‘pelo sangue de Cristo’. Essa última se refere ao evento histórico da morte de Jesus na cruz; e a primeira está relacionada à conversão dos infiéis e sua presente união com Cristo. Os cinco versos seguintes explicam o que foi alcançado pela morte redentora de Cristo na cruz.
Os versos 14-18 revelam o âmago da mensagem de reconciliação de Paulo, e como Deus deu início ao ser eterno plano de reconciliação cósmica (embora não universal) (1.10). A palavra principal nessa passagem é paz, e ela aparece quatro vezes (vv.14,15, e duas vezes no verso 17).
O verso 14 começa com uma declaração enfática: ‘Porque ele [Cristo] é a nossa paz’. Cristo, e somente Cristo, nos deu a solução para esse problema que infesta a raça humana, isto é, a separação de Deus e de outras pessoas. Ele é a Reconciliação do povo com Deus e a Reconciliação das pessoas, umas com as outras. Assim, o evangelho torna-se uma mensagem de reconciliação (2 Co 5.17-21). Por causa de seu sangue redentor (2.14), nesse ponto de Efésios Paulo anuncia, em dois sentidos, o próprio Cristo Jesus como sendo a ‘nossa paz’:
 Como pecadores, Ele nos reconcilia com Deus pela cruz (v.16) e
 Reconcilia grupos mutuamente hostis entre si (tais como judeus e gentios) e ‘de ambos os povos faz um’ (v.14b; também vv.15-18).
A reconciliação é o tema central desta passagem. Nada, a não ser o evangelho, poderá nos oferecer, genuinamente, a paz com Deus (Rm 5.1), ‘e nada, a não ser o evangelho, poderá remover as barreiras que dividem a humanidade em grupos hostis em sua própria época’ (Bruce, 1961, 54). A paz entre judeus e gentios exigia a destruição da ‘parede de separação que estava no meio’ (v.14c). Nenhuma distinção de cor, conflito étnico, separação por classes ou divisão política era mais absoluta que a barreira entre judeus e gentios no primeiro século d.C. Bruce acrescenta: ‘O maior triunfo do evangelho na era apostólica foi que ele venceu essa antiga e longa desavença e permitiu que judeus e gentios se tornassem verdadeiramente um único povo em Cristo’” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. RJ: CPAD, 2004, pp.1219-20).

                O primeiro Concílio da Igreja de Cristo

A igreja de Jerusalém corria o risco de se transformar num movimento religioso como outro qualquer da Judeia. Se não fosse a sábia decisão dos Apóstolos, dos líderes e da comunidade palestínica, a Igreja de Cristo estaria fadada a um fortuito fracasso já em seus primórdios. Porém, o Espírito Santo conduziu o Concílio de Jerusalém, abalizando-o por uma sábia decisão: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde” (At 15.28,28 — ARA).

O CONCÍLIO DE JERUSALÉM

Contexto.A conversão dos gentios; a tensão entre judeus e gentios; a insistência dos crentes judaizantes tradicionalistas para que os gentios adotassem o estilo de vida judaico; o combate violento de Paulo contra o evangelho judaizante; a necessidade de uma resolução que legislasse sobre o tema.
A questão levantada.Para os gentios serem salvos, era necessário se tornar um judeu? Atualmente, é necessário alguma outra coisa, fora de confessar a Cristo, para ser salvo?

O debate.De um lado os fariseus cristãos apoiavam a visão dos judaizantes; do outro, Paulo e Barnabé enfatizavam que Cornélio e sua família foram aceitos por Deus como gentios.Em harmonia com as Escrituras, a contribuição do apóstolo Tiago foi preponderante para a resolução apostólica em conjunto com a igreja: 1) não se devia pedir aos gentios que adotassem a “cultura” judaica, pois isto “perturbaria” (15.19) a liberdade em Cristo; 2) As recomendações estabelecidas foram: não comer carne sacrificada a ídolos; não ingerir sangue e não comer carne sufocada; não praticar relação sexual ilícita. Estas resoluções deixam patentes a verdadeira liberdade que há em Cristo Jesus e o verdadeiro princípio de respeito à vida que Deus exige de nós!
Sob as instâncias de Paulo e Barnabé, os apóstolos convocam o Concílio de Jerusalém, para tratar de uma questão que vinha perturbando os crentes gentios: Deveriam estes também observar os costumes e ritos judaicos? Isto porque, “alguns que tinham descido da Judeia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At 15.1).
As decisões desse concílio, realizado no ano 48, foram mais do que vitais à expansão do Cristianismo até aos confins da terra.

 O QUE É UM CONCÍLIO

 Definição. Originária do vocábulo latino concilium, a palavra concílio significa conselho, assembleia. O concílio, por conseguinte, é uma reunião de representantes da Igreja, cujo objetivo é deliberar acerca da fé, doutrina, costumes e disciplina eclesiástica.
 Os concílios no Antigo Testamento. O primeiro concílio da velha aliança deu-se quando Moisés congregou os anciãos de Israel para declarar-lhes o plano de Deus para libertar os hebreus do Egito (Êx 4.29). A partir daí, muitos foram os concílios convocados quer pelos reis, quer pelos profetas, para tratar das urgências nacionais e das crises que surgiram ao longo da história de Israel no Antigo Testamento (2 Cr 34.29: Ed 10.14; Ez 8.1).
 Os concílios em o Novo Testamento. Os apóstolos reuniram-se em três ocasiões distintas, para decidir sobre pendências na comunidade cristã. A primeira vez para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Consolador; a segunda para instituir o diaconato; e a terceira, para discutir as imposições que os judaizantes buscavam impor sobre os cristãos gentios (At 1.12-26; 6.1-15; 15.6-30).


 A IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM

A terceira reunião dos apóstolos, que viria a ser conhecida como o Concílio de Jerusalém, foi tão importante e vital à Igreja de Cristo que dela dependia o futuro do Cristianismo. Se os apóstolos houvessem cedido à pressão dos judaizantes, a religião do Nazareno extinguir-se-ia em mera seita judaica. Mas os dirigentes da Igreja, instrumentalizados pelo Espírito Santo, houveram-se com sabedoria e firmeza, possibilitando que o Reino de Deus, transcendendo as fronteiras de Israel, se universalizasse até aos confins da terra.
O Concílio de Jerusalém foi modelar desde a convocação até as suas derradeiras decisões.
 Convocação. O Concílio de Jerusalém foi convocado pelos apóstolos sob as instâncias de Paulo e Barnabé. Enviados pelas igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, requeriam eles fosse tomada uma resolução urgente quanto a este problema: deveriam os gentios observar também os costumes e ritos judaicos, incluindo a circuncisão?
 Presidência. Sendo a figura de Pedro preponderante entre os santos da circuncisão, conclui-se tenha ele presidido o Concílio de Jerusalém. Em todos aqueles acalorados debates, o apóstolo agiu com sabedoria, moderação. Tudo fez por preservar a unidade da Igreja no Espírito Santo.
 Debates. As discussões são acaloradas. Extremados na defesa do farisaísmo, exigiam os judaizantes: “É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés” (At 15.5 — ARA).
Em seguida, Pedro levanta-se e põe-se a historiar como os gentios, por seu intermédio, vieram a converter-se a Cristo. Para calar a boca aos adversários, indaga o apóstolo: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram” (At 15.10,11 — ARA).
Depois da exposição de Pedro, os também apóstolos Paulo e Barnabé tomam a palavra. Faz Lucas esta observação: “Então toda a multidão silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios” (At 15.12 — ARA).
 O pronunciamento decisivo de Tiago. Apesar de sua reputação conservadora, sai Tiago irmão do Senhor, em defesa dos santos gentios e da universalidade da igreja de Cristo: “Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue” (At 15.19,20 — ARA).

A CARTA DE JERUSALÉM.Encerrados os debates, decidem os apóstolos enviar uma encíclica às igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, por intermédio de Paulo, Barnabé, Judas e Silas, expondo as resoluções tomadas no Concílio de Jerusalém (At 15.27-30). Resoluções estas, aliás, que se fizeram universais tanto em relação ao tempo quanto ao espaço; tornaram-se contemporâneas dos cristãos de todas as eras. Em resumo, o documento trata dos seguintes temas:
Da salvação pela graça. Deixam os apóstolos bem patente o seu apoio ao evangelho que Paulo proclamava aos gentios: a salvação pela graça (At 15.11).
 Da comida sacrificada aos ídolos. A carta circular dos apóstolos é bem clara: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos” (At 15.29). Terá essa recomendação alguma serventia para nós hoje? Além das festas juninas e dos doces distribuídos no dia de Cosme e Damião, há muitos banquetes consagrados aos deuses das riquezas, às divindades do poder corrupto e corruptor, e aos demônios da permissividade moral e do relativismo ético. Outrossim, cuidado com os restaurantes que, logo na entrada, expõem a sua divindade como se fora um mero folclore. Não é folclore; é demônio mesmo.
Da ingestão de sangue e de carne sufocada. Parece uma recomendação banal? Nada na Bíblia pode ser banalizado. Ouçamos e obedeçamos à encíclica apostólica: “Que vos abstenhais [...] do sangue, da carne de animais sufocados” (At 15.29 — ARA). Receitas culinárias que empregam o sangue como um de seus ingredientes contrariam as leis divinas. Leia Gênesis 9.4.
Das relações sexuais ilícitas. Num século tão promíscuo e leniente como este, a recomendação dos santos apóstolos não haverá de ser esquecida: “[...] que vos abstenhais das relações sexuais ilícitas” (At 15.29). O que é uma relação sexual lícita? É a praticada no âmbito do casamento entre um homem e uma mulher. Logo, o sexo antes e fora do casamento é ilícito e pecaminoso (Êx 20.14; Ap 22.15). Pecado também é o homossexualismo tanto masculino quanto feminino (Lv 18.22; Rm 1.26-27; 1 Co 6.9).
A voz dos apóstolos não pode ser calada pela “lei da mordaça”.Que o exemplo dos santos apóstolos mova a Igreja de Cristo a livrar-se de toda briga local, a fim de mostrar a sua vocação universal e eterna. O mesmo Espírito que dirigiu o Concílio de Jerusalém faz-se presente no meio de seu povo, inspirando os ministros do Evangelho a tomarem decisões de conformidade com a Bíblia Sagrada. Interessante, o concílio convocado para combater o legalismo judaizante tornou a Igreja de Cristo mais santa e pura.

“A decisão do Espírito Santo.‘Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação [relações sexuais ilícitas — ARA]; das quais coisas fazeis bem se vos guardares’ (At 15.28,29). A expressão ‘pareceu bem ao Espírito Santo’ significa: O Espírito Santo, na sua atuação entre os gentios já testemunhara que estes foram libertos do jugo da Lei mosaica (At 10.44-48). O Espírito Santo, cuja orientação foi prometida aos apóstolos e outros líderes [e à Igreja], já testemunhara ao coração deles que os gentios deviam ser livres do fardo (Mt 18.20; Jo 16.13). [Ou seja] Os gentios foram isentos da obrigação de observar os costumes judaicos. [...] Estes convertidos já possuíam a vida e a liberdade espiritual. Por que enterrar esta vida com formulários mortos?” (PEARLMAN, M.Atos. E a Igreja se fez Missões. 1.ed. RJ: CPAD, 1995, pp. 169-70).

                           As viagens missionárias de Paulo

 A Igreja Primitiva cumpriu a Grande Comissão enviando Paulo e Barnabé para a obra que o Senhor os chamara. Assim, Paulo alcançou as nações de sua época. Nós, como Igreja do Senhor, também devemos fazer a nossa parte, pois ainda existem muitas nações e povos que precisam ser alcançados com o Evangelho de Cristo. Atualmente na “Janela 10x40” existem milhares de pessoas que se encontram em trevas espirituais. Como elas ouvirão o Evangelho se não há quem pregue? (Rm 10.14). E como pregarão, se a Igreja do Senhor não enviar e sustentar os missionários? (Rm 10.15). Ouçamos a voz do Espírito Santo, pois Ele continua a falar à sua Igreja: “Separai meus servos para a obra que os tenho chamado”.
A Igreja Primitiva evangelizou o mundo gentio em aproximadamente trinta anos. O imperativo missionário de Atos 1.8 era, e sempre será, uma demanda que não admite contestação ou indolência. Movidos pelo Espírito Santo, os discípulos saíram a evangelizar e a discipular a todos os povos. Nenhuma nação deixou de ser contemplada.

A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 13 — 14)

 De Antioquia a Chipre (At 13.1-12). A primeira viagem missionária de Paulo ocorre logo após ter sido ele comissionado pelo Espírito Santo (vv.2,3). Orientado pelo mesmo Espírito, o apóstolo, juntamente com Barnabé, embarca em Selêucia, porto marítimo de Antioquia, em direção à Ásia Menor (v.4). Com isto, Lucas demonstra ser o Espírito de Cristo o verdadeiro protagonista de Atos dos Apóstolos (v.9).
Já em Chipre, cidade natal de Barnabé (At 4.36), desembarcam em Salamina, onde havia uma considerável população judaica. Ali anunciam a Palavra do Senhor à sinagoga local. Depois, viajando em direção à ilha de Pafos, proclamam o Evangelho de Cristo às suas aldeias e povoados.
De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52). De Pafos, subindo o rio Cestro, Paulo chega a Perge, região da Panfília, cuja população era devota de Diana (Ártemis). Após uma viagem de 160 quilômetros, o apóstolo chega a Antioquia da Pisídia, onde havia uma grande comunidade judaica e um posto militar romano.
Na sinagoga local, Paulo proclama o evangelho aos judeus da Diáspora, conduzindo muitos à conversão. Não poucos prosélitos também aderem à fé. No sábado seguinte, uma grande multidão congrega-se, a fim de ouvir a Palavra de Deus. Os judeus incrédulos, porém, saem a blasfemar e a incitar a cidade contra o apóstolo.
De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28). Localizada no entroncamento de Éfeso, Tarso e Antioquia, era Icônio uma cidade mui estratégica à difusão do evangelho. Como de costume, Paulo põe-se a evangelizar os judeus da dispersão. Muitos crêem. Outros, porfiando em sua incredulidade, incitam as gentes contra os apóstolos.
Temendo por suas vidas, Paulo e Barnabé deixam Icônio e dirigem-se a Listra e a Derbe, cidades da Licaônia.
Em Listra, que tinha como padroeiro a Zeus, o maioral dos deuses gregos, os apóstolos pregam e restauram a saúde a um coxo de nascença. Abismados pelo milagre, os licaônios atribuíram o prodígio à manifestação de Zeus e Hermes (At 14.11,12). E já completamente fora de si, puseram-se a oferecer sacrifícios aos apóstolos que, energicamente, impediram-nos (At 14.15).
Logo em seguida, os que eram adorados como deuses são tratados como a escória da humanidade. Uma multidão, procedente de Antioquia e Icônio, incita as pessoas a apedrejarem a Paulo, que é dado como morto (At 14.19). No entanto, a semente ali plantada haveria de florescer e frutificar.

A SECUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15.36 — 18.28)

 Em direção à Ásia (15.36 — 16.8). Após a ruptura com Barnabé, prossegue Paulo na companhia de Silas, que também era profeta (At 15.32). Em Listra, une-se a eles um jovem greco-hebreu — Timóteo, a quem o apóstolo escreveria duas epístolas.
Deixando Antioquia, passaram pela Síria e Cilicia. Confortando as igrejas na fé, informando-as acerca da resolução do Concílio de Jerusalém (16.4,5). Em ato contínuo, atravessam a região da Frígia e da Galácia. Mas o Espírito Santo, sempre na direção dos atos de seus apóstolos, interrompe-lhes a jornada, conduzindo-os por um itinerário que haveria de mostrar-se vital à expansão do Cristianismo.
 Em direção à Europa (16.12 — 18.18). Em Trôade, Paulo é orientado, numa visão, a seguir para a Macedônia. Rumo a Filipos, passa pela Samotrácia e por Neápolis, até chegar a Filipos. Esta foi a primeira cidade da Europa a receber o evangelho. E Lídia, a primeira européia a receber a Cristo, constrange os apóstolos a hospedarem-se em sua casa.
Nessa cidade, Paulo expulsa o espírito de adivinhação de uma jovem que, por intermédio desse artifício, dava grandes lucros a seus senhores (At 16.16-18). Vendo estes que a fonte de seu ganho secara, incitaram a cidade contra os apóstolos que, levados ao tribunal, foram postos em prisão.No cárcere, Paulo e Silas adoravam a Deus quando um terremoto abriu-lhes as portas da cadeia. O episódio constrangeu o carcereiro e toda a sua família a converterem-se a Cristo (At 16.31). Já libertos, seguiram eles a Tessalônica, passando por Anfípolis e Apolônia. E dali, prosseguiram a pé por 64 quilômetros até a cidade.
 Regresso (18.18-22). De Atenas, dirigiu-se Paulo a Corinto, a mais importante metrópole da Grécia. Na cidade, fez contatos com Áquila e Priscila. Aos sábados, consagrava-se ele a proclamar o evangelho aos judeus e gentios ali residentes. Seu grande esforço resultou na conversão do principal da sinagoga — o irmão Crispo. A permanência de Paulo em Corinto foi de um ano e seis meses. Despedindo-se da igreja ali estabelecida, dirigiu-se a Éfeso, na província da Lídia. Em seguida, retorna a Antioquia via Jerusalém.

 TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18.23 — 28.31)

 De Antioquia a Macedônia (18.23 — 20.3). De Antioquia, Paulo dirigiu-se a Éfeso, objetivando confirmar a igreja local. Como alguns discípulos nada sabiam sobre o Espírito Santo, pôs-se o apóstolo a doutriná-los acerca da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Em seguida, orou para que o Espírito de Deus sobre eles viesse. Imediatamente, começaram a falar noutras línguas e a profetizar.
Como resultado de seu trabalho, a superstição é vencida na cidade.
 De Filipos a Jerusalém (20.6 — 21.17). Nessa seção de Atos, Paulo encerra a sua terceira viagem missionária. Visita a Macedônia e a Grécia. Logo a seguir, retorna a Ásia (20.1-6). Alguns fatos marcaram-lhe o regresso: seu longo discurso, a ressurreição de Êutico e o comovente discurso aos anciãos de Éfeso. Apesar de alertado divinamente sobre os perigos que o aguardavam em Jerusalém, chega à Cidade Santa.
Paulo em Jerusalém. Em Jerusalém, Paulo reúne os anciãos da Igreja em casa de Tiago e narra o que Deus fizera aos gentios através de seu ministério. Ante o relato, os presbíteros preocupam-se com a reação dos judeus a respeito de Paulo. O temor não era infundado: Paulo é acuado e agredido pela multidão. Todavia, o Senhor preserva-lhe a vida, providenciando para que seja levada a Roma, onde era mister que proclamasse o evangelho.
Nas viagens missionárias de Paulo, vemos clara e meridianamente os Atos do Espírito Santo. Sim, o Espírito Santo continua a operar maravilhas no campo missionário, fazendo o evangelho chegar aos confins da terra. Quando intimado pelo Senhor, não se furte. Responda: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
A Primeira Viagem Missionária.Como pôde o apóstolo Paulo, em tão pouco tempo, evangelizar os principais centros do Império Romano e, finalmente, instalar-se em Roma com a irresistível mensagem do Evangelho? Ou melhor: como pôde um único homem revolucionar toda a sua época? A resposta não exige muita abstração. Em primeiro lugar, era Paulo um mensageiro extraordinário do Senhor, através do qual foi o evangelho universalizado. Além disso, utilizou-se ele da infra-estrutura do império para viajar de cidade em cidade, de província em província e de reino em reino.
Providencialmente, não precisava de nenhum passaporte especial: era um cidadão romano. Somente um Deus, que é a mesma sabedoria, haveria de predispor todas as coisas a fim de que a mensagem da cruz chegasse aos confins da terra. [...] Em Antioquia, o apóstolo Paulo desempenhou uma importante etapa de seu ministério. E daqui, partiu ele para a sua primeira viagem missionária. Após o Concílio de Jerusalém, retornou à cidade com as resoluções tomadas pelos apóstolos e anciãos (At 15.23). Sua segunda viagem missionária também teria Antioquia como ponto de partida. Atualmente, Antioquia não passa de uma modesta povoação. Para nós, no entanto, será conhecida sempre como a igreja missionária por excelência” (ANDRADE, C. Geografia Bíblica. 11.ed. RJ: CPAD, 2001, pp.227-29).

                      Paulo testifica de Cristo em Roma

A respeito da viagem de Paulo a Roma. Veremos que essa não foi uma viagem fácil. Paulo enfrentou grande perigo, todavia o Senhor o guardou e o levou em segurança até o seu destino final. Em Roma, Paulo ficou em prisão domiciliar e teve a oportunidade de se reunir com os líderes da comunidade judaica, testemunhando de Cristo e dando continuidade à obra do Senhor.
 O apóstolo Paulo não era prisioneiro de César ou de Roma; era-o de Cristo (Ef 3.1; Fm 9). Do relato lucano, concluímos: os fatos que o conduziram a Roma não eram incidentais, mas propositais, pois foram dirigidos por Deus (At 23.11). Se era urgente fosse o evangelho anunciado em Jerusalém, a capital religiosa dos judeus, era premente que a palavra da salvação alcançasse Roma, a capital política do Império.
Assim chega o evangelho à capital do Império Romano. O mensageiro na verdade achava-se preso, mas a mensagem da cruz tinha livre curso em Roma, Ninguém era capaz de detê-la. A Palavra de Deus avançava sem impedimento algum.

 VIAGEM DE PAULO A ROMA (At 27.1 — 28.10)

Constrangido a apelar para César, o apóstolo Paulo é conduzido agora pelas autoridades romanas à capital do império. O que parecia um simples traslado de preso, haveria de ser registrado pela história como o início da maior expansão do Cristianismo que, conquistando toda a Europa Ocidental, não tardaria a chegar aos pontos mais ignorados do planeta.
 De Cesareia a Roma (27.1-44). Em sua viagem, o apóstolo conta com a assistência de Lucas e de um crente macedônio chamado Aristarco (ver 19.29; 20.4; Cl 4.10; Fm 24). Como diz o sábio rei de Israel, é na angústia que nasce o irmão (Pv 17.17; 18.24). Além disso, o centurião que lhe cuida da segurança, trata-o com deferência e humanidade. Permite-lhe inclusive que visite a igreja em Sidom. Quando Deus nos envia, até os inimigos fazem-se amigos e os amigos tornam-se irmãos.
Açoitada pela voragem do mar, segue a nau lenta e dificultosamente até Mirra, na Lícia. Desta cidade, zarpam em direção da Itália em um navio procedente de Alexandria. Embora prisioneiro, o apóstolo mantém o controle da situação. Mostra uma autoridade moral e espiritual que viria a surpreender a todos naquela nau. Haja vista a advertência que faz ao centurião quanto aos perigos que os aguardavam em seu trajeto a Roma. O militar, que de início prefere ouvir o piloto a Paulo, ver-se-á mais adiante obrigado a reconhecer a oportunidade de seu conselho.
 Paulo na ilha de Malta (At 28.1-10). Forçados a desembarcar em Malta, localizada ao sul da Sicília, todos são tratados com singular bondade pelos naturais da terra. Ali, opera o Senhor, por intermédio de Paulo, sinais e maravilhas. Aquele que se mostrara imune à víbora que se achava oculta nos gravetos, cura o pai de Públio, magistrado local, e recupera a saúde a muitos ilhéus. Dessa maneira, semeia Paulo uma igreja que não tardaria a florescer. Apesar das dificuldades que você enfrenta, querido missionário, Deus quer operar o sobrenatural por seu intermédio.
Paulo chega a Roma (At 28.11-15). Decorridos três meses, o navio que conduziria Paulo a Roma, zarpa generosamente suprido pelos malteses. Desembarcam em Siracusa, chegam a Régio e aportam em Putéoli. Aqui, instados pelos irmãos, o apóstolo juntamente com seus companheiros hospedam-se por sete dias.
Já em Roma, encontra-se com alguns irmãos na praça de Ápio. O Senhor jamais abandona os seus mensageiros, mesmo distantes da pátria querida, faz-nos Ele sentir-nos em casa. Você passa por alguma provação? Parece que o trabalho não avança? Não se deixe abater. A Palavra de Deus jamais voltará vazia. Você ficará surpreso com o que o Cristo está para realizar através de seu ministério.

 O EVANGELHO É PROCLAMADO NA CAPITAL DO IMPÉRIO (At 28.16-31)

Se o Senhor decretou fosse o evangelho conhecido em toda a Roma, por que manteve encarcerado o seu maior campeão? Neste momento, talvez esteja você aprisionado a entraves burocráticos dentro e fora de nossas fronteiras. Não se desespere. Ninguém haverá de algemar a mensagem da cruz. Não há protocolo capaz de barrar a vontade de Deus.
 Prisão domiciliar (28.16). Como não recaía sobre Paulo nenhuma acusação de crime capital, era-lhe permitido morar por sua própria conta. Apesar de vigiado por um soldado, tinha liberdade de ler, escrever, receber visitas e, naturalmente, evangelizar. Terá aquele militar se convertido a Cristo? Não tenho dúvidas. Mesmo sem liberdade, o Senhor deixa-nos livres para realizar a sua obra.
 Apologia entre os judeus (28.17-22). De sua prisão domiciliar, Paulo convoca os líderes da comunidade judaica para expor-lhes os eventos que o trouxeram sob algemas a Roma. Como apóstolo dos gentios, aproveita ele para anunciar que Jesus era, de fato, o Messias de Israel. Alguns deixam-se persuadir, outros preferem continuar na incredulidade. Entre os gentios, contudo, o evangelho põe-se a expandir até mesmo na elite romana. Na exposição da Palavra de Deus, seja um autêntico apologeta. Apresente, com mansidão e firmeza, as razões da esperança cristã.
 Progresso do evangelho em Roma (28.23-31). Roma era o centro político, econômico e cultural do mundo. Apesar de sua grandeza e não obstante a sua importância, a cidade fizera-se notória pela lassidão moral e pela degenerescência de seus costumes. Em seus termos, os cultos mais extravagantes e as mais exóticas religiões. E os deuses encontradiços em cada praça e logradouro?
Gente de toda parte misturava-se pelas ruas de Roma. Berço de notáveis oradores, políticos, generais e juristas, era a cidade marcada pela injustiça, ignorância e por uma soberba tola e animalesca. Haja vista as deferências cultuais que recebiam imperadores como Nero e Calígula.Todavia, ali estava um poder que haveria de sobrepor-se sobre a todos os mais afamados símbolos e potentados romanos: o Evangelho de Cristo Jesus. Haveria este de avançar com muito mais determinação do que as mais aguerridas legiões romanas. Avançaria sim e conquistaria nações sem impedimento algum.
Se Lucas deixa em aberto os Atos dos Apóstolos, por que iríamos nós fechar as portas que o Espírito Santo nos abre todos os dias? Sim, portas à evangelização nacional e portas às missões transculturais. Aproveitemos, pois, o Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, para dar continuidade à evangelização dos povos. Atos 1.8 é uma ordenança que não pode ser esquecida. Se nos dispusermos a ir, todos os impedimentos ser-nos-ão tirados.
Paulo em meio à tempestade.“A experiência de Paulo na tempestade, dentro da vontade de Deus, contrasta com a de Jonas, que estava em desobediência. Comparando as duas, notamos: Paulo viajava para cumprir sua sagrada vocação. Jonas fugia da chamada que recebeu. Este se escondeu e dormiu durante a tempestade. Aquele dirigia as operações e encorajava os passageiros. A presença de Jonas no navio era a causa da tempestade. O navio em que Paulo viajava seria preservado de todo dano se os tripulantes respeitassem seu aviso (At 27.9,10). Jonas foi forçado a dar testemunho acerca de Deus (Jn 1.8,9). Paulo, com boa vontade e coragem, falou acerca da sua visão e do seu Deus. A presença de Jonas no navio ameaça a vida dos gentios. A presença de Paulo era uma garantia para a vida dos seus companheiros de viagem. O navio em que Jonas viajava recebeu alívio quando ele foi jogado no mar. A conversão de Paulo salvou a tripulação do navio no qual era prisioneiro. Há muita diferença em atravessar uma tempestade dentro e fora da vontade de Deus! Paulo, andando segundo o querer de Deus, em comunhão com Ele tornou-se bênção para todos quantos atravessavam o perigo com ele. Conforme Paulo anunciou, todos escaparam ilesos para a terra. Ficaram na ilha durante o inverno, um período de três meses. Mais uma vez foi manifestada a presença de Deus através de Paulo” (PEARLMAN, M. Atos. 1.ed., RJ: CPAD, 1995, pp. 248-49).
   •    Malta — “A ilha e pequena, com cerca de 29 quilômetros de extensão e 13 de largura. Está situada entre a Silícia e a costa africana. Provavelmente, seja o local identificado como a ‘baía de São Paulo’. Na época de Paulo, Augusto alojou, no local, veteranos aposentados do exército. A população falava, além do grego, sua língua original fenícia” (RICHARDS. L. O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1.ed., RJ: CPAD. 2005, p.733).
   •    Roma — “Antiga rainha do mundo, acha-se edificada às margens esquerdas do Rio Tibre, sobre sete colinas. A cidade é mencionada nos Atos, na Epístola de Paulo aos Romanos e na Segunda Epístola a Timóteo.
No tempo de Pompeu, muitos foram os judeus levados a Roma como cativos. Para eles, o governo reservara um território na margem direita do Tibre. Apesar de desfrutarem dos favores de Júlio César e Augusto, foram os judeus perseguidos por Cláudio que resolveu expulsá-los da capital do império (At 18.2).Muitos, todavia conseguiram permanecer em Roma, pois quando Paulo aqui chegou, como prisioneiro do Império, encontrou uma considerável colônia judaica (At 28.17)” (ANDRADE, C. Geografia Bíblica. A geografia da Terra Santa é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a história sagrada. 11.ed., RJ: CPAD, 2001, p.248).

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